O mau tempo registrado durante o final de semana, com vento, chuva e rajadas superiores a 90 km/h, provocou uma morte, em Pelotas, derrubou árvores, postes e deixou milhares de casas sem energia elétrica no Estado.
Com o afastamento do ciclone extratropical que causou o fenômeno para o oceano, a previsão é de trégua na ventania e temperatura máxima mais agradável à tarde nos próximos dias.
O transbordamento de um canal de esgoto pluvial devido à chuva sobre Pelotas, no sábado, provocou a morte de Lucinara Ferreira Carilho, 15 anos. Ela caminhava com a mãe no cruzamento das avenidas Fernando Osório e 25 de julho e não percebeu o perigo do bueiro oculto pela água. A menina caiu na tubulação e foi arrastada por cerca de cem metros. Os bombeiros a encontraram já morta.
Ao cair na tubulação, Lucinara gritou pelo socorro da mãe, Rosemeri Ferreira Carilho. Rosemeri tentou resgatar a filha, caiu no bueiro mas conseguiu se segurar e sair. Lucinara estava no Ensino Médio e, há algumas semanas, trabalhava como babá três horas por dia.
– Estamos em estado de choque. Minha irmã está sedada. É duro ver a filha se afogando e não poder fazer nada – contou a tia Kátia Ferreira.
No sábado, choveu 86 milímetros em Pelotas – onde a média histórica de setembro é de 140 mm. No mesmo dia, a força do vento, que chegou a aproximadamente 60 km/h, derrubou uma árvore sobre uma casa no Laranjal.
Na Capital, o bairro Mario Quintana, um das mais pobres da cidade, foi o mais afetado pela ventania. Na Rua Manoel Marques, duas casas foram destruídas e outras duas parcialmente atingidas pela queda de dois eucaliptos de cerca de 10 metros de altura.
Ao acordar com um forte estrondo, o pedreiro Alexssandro Peza, 31 anos, foi surpreendido na madrugada de ontem com o tronco de um eucalipto atravessado a um metro da cama na qual dormia com a mulher e uma filha de três anos.
– Caíram pedaços de telha e tijolo sobre a cama, por pouco não mataram minha filhinha – disse Peza.
Na Região Metropolitana e no Litoral Norte, pelo menos 5 mil domicílios ainda estavam sem energia elétrica no começo da noite de ontem devido ao vendaval das horas anteriores. Em Tramandaí, as rajadas atingiram a máxima de 93km/h na madrugada.
(Zero Hora, 08/09/2008)