As Nações Unidas lançaram um plano para tornar as zonas húmidas do Crescente Fértil, no delta dos rios Tigre e Eufrates, Iraque, em património mundial. Mas há muito a fazer, uma vez que a zona foi drenada na década de 90 durante o regime de Saddam Hussein.
O plano para listar o Crescente Fértil tem a cooperação do Pnua (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), Unesco e conta com o financiamento do Governo de Itália. Surge depois de um projecto de quatro anos, do Pnua, para restaurar a viabilidade ecológica do sítio e permitir a sobrevivências de várias populações dele dependentes.
Alimentada pelos rios Tigre e Eufrates, aquela zona húmida é rica em peixe e várias espécies de aves, como o Íbis sagrado. É local de repouso para centenas de aves que migram entre a Sibéria e África.
Na década de 70, as zonas húmidas cobriam nove mil quilómetros quadrados. Em 2002 a área estava reduzida a 760 quilómetros quadrados. Os peritos alertam que se nada for feito, estas zonas vão desaparecer dentro de cinco anos.
“Devido àquilo de Saddam fez, as zonas húmidas estavam em perigo e a desaparecer”, comentou o ministro do Ambiente iraquiano, Nermeen Othman, em comunicado divulgado pelo Pnua. “Tornou-se numa tragédia ecológica mas principalmente humana”.
Depois da queda de Saddam, em meados de 2003, habitantes locais destruíram várias barragens para deixar a água passar e um projecto do Pnua permitiu o regresso de centenas de aves e peixes. O Governo iraquiano diz que actualmente já foi recuperado mais de metade da área original.
Segundo o Pnua, o Iraque só deverá conseguir apresentar o seu caso ao Comité do Património Mundial em 2010. Se forem aprovados as zonas húmidas da Mesopotâmia serão listadas em 2011.
(Reuters, Ecosfera, 05/09/2008)