A taxa de desmatamento da Amazônia em 2008 deverá ser semelhante à devastação registrada em 2007, de 11,2 mil quilômetros quadrados. A aposta é do pesquisador da organização não-governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo, diante do levantamento mais recente do desmatamento na região, divulgado hoje (5) pela ONG.
De acordo com o Imazon, o desmatamento entre agosto de 2007 e julho de 2008 foi de 5.030 quilômetros quadrados, cerca de 6% menor que o acumulado no mesmo período do ano anterior, de 5.331 quilômetros quadrados entre agosto de 2006 e julho de 2007.
“O que o nosso dado está indicando é que o desmatamento deste ano vai ficar próximo ao do ano anterior; pode ser 10% abaixo ou 10% acima, não vai ser expressivo, como o próprio Imazon imaginava. Não vai ser explosivo”, afirmou.
No entanto, a mesma comparação feita com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – responsável pelas estimativas oficiais – apontam aumento de 64% do desmatamento entre 2007 e 2008. Pelos números do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter/Inpe), o desmatamento acumulado no período atual, de agosto de 2007 a julho de 2008, chega a 8,1 mil quilômetros quadrados. No período anterior, a soma foi de 4.972.
“Além do desmatamento em corte raso, o Deter está incluindo a degradação florestal, que não é a mesma coisa, tem duas coisas embutidas”, pondera. Na avaliação de Veríssimo, os dados do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), taxa consolidada de desmatamento anual – também calculada pelo Inpe – deverão apresentar resultado semelhante ao apontado pelo Imazon.
O pesquisador atribui a queda verificada pela ONG às medidas de repressão ao desmatamento ilegal, implementadas na gestão da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“É um momento delicado porque mostra que as medidas tomadas estão surtindo efeito; mas elas não se sustentam no longo prazo, precisam ser acompanhadas de medidas de apoio à produção na legalidade. Ao mesmo tempo em que os resultados estão aparecendo, há uma tensão muito grande porque o setor produtivo se sente acuado, penalizado”, analisa.
A taxa oficial de desmatamento, consolidada pelo Prodes, deve ser divulgada até o fim do semestre.
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Agência Brasil, 05/09/2008)