Motoristas devem prestar atenção a preços da gasolina e do etanol nos postos e se habituar a fazer cálculos
Habituada a abastecer o seu carro flex Astra 2.0 com gasolina, a aposentada Zilah Meirelles, de Porto Alegre, teve uma surpresa agradável ao trocar de combustível. Sua expectativa de economizar foi confirmada ao passar a usar o álcool há três meses. Desde então, não trocou mais.
Esse comportamento é reflexo da comparação entre os dois combustíveis por parte dos motoristas na hora de ir ao posto. E quem faz o cálculo pode perceber que tem sido vantajoso usar o etanol. Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, desde março tem compensado colocar álcool no tanque no Rio Grande do Sul. Mas somente no mês passado essa situação se tornou mais atrativa.
Em agosto, o preço médio do litro do álcool hidratado era de R$ 1,755 e o da gasolina, R$ 2,576 – ou seja, o etanol representava 68,1% do derivado de petróleo. Em geral, quando o preço do álcool fica abaixo do patamar de 70% do valor da gasolina, vale a pena abastecer com etanol (confira o quadro e saiba como calcular que combustível usar).
– Fiz as contas e vi que com o álcool eu gasto menos – conta Zilah, que, para monitorar as despesas opta por sempre encher o tanque e zerar o hodômetro a cada visita ao posto.
Sulpetro informa que procura não subiu significativamente
Situação semelhante foi constatada pelo representante comercial Marcus Maia, da Capital. Habituado a rodar cerca de 80 quilômetros por dia para visitar clientes, há mais de seis meses não usa gasolina no seu Uno 1.0:
– Fazendo as contas vi que o melhor é rodar com o álcool.
Porém, esse comportamento não seria adotado pela maioria dos motoristas. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do RS (Sulpetro), Adão Oliveira, relata que embora o momento atual seja favorável ao uso do etanol, na prática, não houve aumento significativo na procura.
– Em relação ao início de 2008, período de entressafra, o crescimento foi em torno de 15%, mas poderia ter sido muito maior já que a venda de carros bicombustíveis vem aumentando ano a ano – ressalta o dirigente, lembrando que, no Estado, 55% dos donos de carro flex ainda preferem a gasolina porque são poucos os clientes que fazem a conta para descobrir o que é mais vantajoso.
(Por Ana Cristina Dib e João Guedes, Zero Hora, 05/09/2008)