Uma empresa sueca vai inaugurar na Alemanha a primeira fábrica a capturar sua própria emissão de carbono. A planta industrial de Schwarze Pumpe, no norte da Alemanha, à qual a BBC teve acesso exclusivo, utilizará a tecnologia de combustão de oxicombustível para capturar e armazenar o carbono resultante da queima de carvão.
Nesse tipo de tecnologia, o combustível fóssil é queimado em contato com oxigênio puro, e não com ar. O resultado é um gás de escape com grande concentração de CO2, pronto para ser seqüestrado e armazenado.
Na fábrica de Schwarze Pumpe, o resultado será calor, vapor de água, impurezas e nove toneladas de CO2 por hora. O carbono será separado, comprimido para um volume equivalente a 1/500 do seu original, e transportado em cilindros a mil metros de profundidade, onde ficará armazenado pelas próximas décadas.
A energética sueca Vattenfall, proprietária das instalações, financiou por conta própria o projeto de 70 milhões de euros (R$ 175 milhões) porque queria liderar uma tecnologia que o principal assessor do governo britânico para assuntos científicos, David King, já descreveu como "a única esperança da humanidade".
A tecnologia é apontada como uma maneira de garantir fornecimento de energia evitando o problema das emissões de carbono na atmosfera, responsáveis pela mudança climática e o aquecimento global. "Estamos muito orgulhosos - achamos que este é o futuro para o carvão", disse à BBC o engenheiro-chefe da Vattenfall, Hubertus Altmann.
Pontos de interrogação - Mas ainda há muitos pontos de interrogação pairando sobre o uso deste tipo de tecnologia, particularmente em relação a onde o CO2 será armazenado e quem pagará os altos custos da construção e operação das instalações de seqüestro de carbono.
As últimas estimativas sugerem que a energia produzida em processos semelhantes custará mais ou menos o equivalente à eólica - talvez 50% a mais do que custa atualmente.
Além disso, ambientalistas questionam a tecnologia, afirmando que se trata apenas do adiamento de uma solução final e sustentável para o problema das emissões. ONGs como o Greenpeace, por exemplo, dizem que o seqüestro de carbono tal como existe hoje é uma "falsa promessa", e que a saída sustentável é investir seriamente em tecnologias limpas.
A União Européia quer incentivar a criação de 10 a 12 plantas industriais de larga escala realizando o seqüestro de CO2 nos próximos anos. Muitas companhias devem em breve embarcar nesta corrida com projetos pilotos, mas até agora nenhuma fábrica movida a carvão em larga escala foi encomendada.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 05/09/2008)