"É inaceitável que o governo licite estudos para definir os custos de trazer energia nuclear ao Chile, em circunstância que deveria estudar os impactos de todas as fontes". Com esta afirmação, Sara Larraín, diretora executiva do Programa Chile Sustentável, recebeu o anuncio do governo de lançar a licitação de três estudos, que deverão resolver as dúvidas deixadas pelo relatório que o grupo de peritos, encabeçado pelo cientista Jorge Zanelli, elaborou em setembro de 2007.
A ecologista disse que "de acordo ao pressuposto oficial do Ministério de Energia, aprovado em 2008, não existem fundos específicos para estudos nucleares, senão os que estão claramente definidos para estudar todas as alternativas".
"Dada a enorme dependência tecnológica, os riscos sísmicos e geopolíticos desta tecnologia, é absurdo que o governo priorize esta opção e não a necessidade obvia de estudar a viabilidade de instalar grandes centrais solares em unidades sobre 500 MW cada uma nas regiões de Antofagasta e Atacama, para servir ao Sistema Interconectado Central (SIC) e ao Sistema Interconectado do Norte Grande (SING). Assim, dada a experiência internacional, poderíamos aceder a alguns milhares de megawatts nos próximos anos", explicou Sara Larraín.
A diretora do Programa Chile Sustentável afirmou que "com isso, Chile avançaria em autonomia energética e limpeza da matriz e aproveitaria um recurso natural abundante, pois nosso país possui uma das radiações mais altas e melhores do mundo".
Em abril deste ano, as 23 organizações não governamentais (entre elas a dirigida por Larraín) que em 2005 assinaram com Bachelet o Acordo de Chagual (sobre sustentabilidade), retiraram seu apoio político a mandatária por este tema, para o qual argumentaram que não se havia cumprido o compromisso N° 7 de "não incluir a opção nuclear na política energética nacional".
Hoje, o governo marcou para 24 de outubro próximo à adjudicação dos novos estudos nucleares (para o qual já existe um investimento inicial de $ 160 milhões), ainda que as conclusões deveriam conhecer-se em quatro meses. Em conseqüência, no primeiro semestre de 2009 o governo contaria com os antecedentes para tomar a decisão sobre se avança ou não neste assunto.
(Adital, 04/09/2008)