A Comissão Especial de Licitação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou ontem a nova relação das empresas aptas a depositar garantias para participar do 6º leilão de energia nova A-3 (para entrega da energia em três anos), que será realizado no próximo dia 17. Dos 193 empreendimentos listados, 17 são projetos a serem implantados no Rio Grande do Sul.
São 16 complexos eólicos e uma termelétrica a óleo combustível, da Ellocin Brasil Participações e Consultoria Empresarial (Ellobras), que deve ser construída no município de Osório. Somadas, as usinas teriam uma capacidade de geração de 752,1 MW (cerca de 20% da demanda de energia do Rio Grande do Sul). A dúvida agora é se esses empreendimentos depositarão, na próxima segunda-feira, as garantias para participar do leilão.
Empresários ligados ao setor elétrico acreditam que o preço-teto inicial de R$ 150,00 por MWh, estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia, será insuficiente para viabilizar a comercialização de energia através de parques eólicos. Eles apontam que a habilitação das usinas eólicas é apenas uma demonstração de que vários complexos dessa natureza precisam de um leilão específico para serem concretizados. Se essa hipótese estiver correta, poucos ou nenhum empreendimento eólico deve apresentar as garantias para concorrer no leilão. Já o projeto de óleo combustível em Osório tem mais chances de disputar o certame. Trata-se de uma usina de 176 MW que deve implicar um investimento de cerca de R$ 260 milhões.
O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, é cauteloso e prefere aguardar a segunda-feira, dia da confirmação das garantias, para analisar se o certame será ou não atraente para as estruturas eólicas. No entanto, ele ressalta que o preço do MWh estipulado é inferior ao que os empreendimentos eólicos obtiveram no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa) e isso serve como indicador. Quanto às usinas a óleo combustível, Sales argumenta que esses projetos apresentam como uma vantagem competitiva, em relação a termelétricas a carvão e gás natural, a necessidade de um prazo menor para sua implantação.
O leilão vai negociar pela internet contratos de comercialização de energia com início de suprimento em janeiro de 2011. O evento é direcionado a novos empreendimentos de geração, ou seja, aqueles ainda não outorgados, a projetos de ampliação de usinas existentes e a empreendimentos de importação de energia.
Devem participar como compradores todas as concessionárias de distribuição de energia elétrica que encaminharam ao ministério de Minas e Energia suas necessidades de compra de energia elétrica para o ano de 2011, conforme disciplinado pelo próprio ministério.
Petrobras quer construir 15 usinas de etanol até 2012
A Petrobras pretende construir pelo menos 15 usinas de etanol até 2012, para atingir sua meta de produção, que é de 4,7 bilhões de litros. Segundo o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa, o projeto seguirá o modelo da parceria com a Mitsui e a Itarumã Açúcar e Álcool realizado para a construção de uma unidade em Goiás, na qual a estatal e a trading detém 20% do capital cada uma.
O modelo de participação minoritária nas usinas de etanol também será adotado para o projeto do alcoolduto que ligará Senador Canedo (GO) à Paulínia (SP). Nesta parceria, a participação de cada sócio será dividida igualmente. Assim, um terço caberá à Petrobras, e a mesma fatia para cada um dos demais sócios, a japonesa Mitsui e construtora Camargo Correa.
O transporte de álcool contemplava a maior parte dos investimentos do plano estratégico da empresa para o setor de biocombustível, com 46% do orçamento de US$ 1,5 bilhão. A empresa busca como mercados prioritários o Japão, a Coréia do sul, Estados Unidos, Europa e Noruega. Neste sentido, pretende utilizar parte da capacidade de estocagem da recém comprada Refinaria de Okinawa para armazenar etanol destinado ao mercado local.O Japão autorizou recentemente a mistura de 3% de álcool à gasolina.
Costa vê com otimismo as recentes mudanças regulatórias no mercado americano, que instituiu metas para uso de combustíveis renováveis. Mas na sua opinião "tais metas só poderão ser atingidas caso o governo local reduza as tarifas de importação do etanol brasileiro".
A assessora da diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Maria Antonieta de Souza, disse que a reguladora vê com bons olhos o pedido dos produtores de álcool para a adoção definitiva do nome etanol no mercado de revenda de combustíveis. Segundo ela a medida facilitaria a transformação do produto em commodity.
(Jornal do Comércio, 04/09/2008)