Quem de nós nunca deparou com uma pilha que já não funciona mais e não se sabe que destino dar a ela? Quem de nós nunca se pegou pensando o que fazer com o celular antigo quando adquirimos um mais moderno? Quem de nós sabe o que fazer com tantos disquetes velhos e sem utilidade espalhados pela casa, já que agora temos a possibilidade de gravar todos nossos arquivos em um dispositivo minúsculo? Quem nunca pensou em nenhuma dessas perguntas, que atire a primeira pedra!
Com o avanço tecnológico indo de vento em popa, muitos aparelhos eletrônicos são descartados sem o menor cuidado em lugares inadequados. Os microcomputadores e outros eletrônicos possuem peças muito pequenas que, apesar de não serem perigosas no uso diário, tornam-se tóxicas se não descartadas em lugares corretos. Quando as comunidades americanas atualizam seus aparelhos eletrônicos, quase metade dos modelos antigos não é jogada fora, mas doada ou guardada. Desses aparelhos que são descartados, apenas um percentual é reciclado, boa parte vai para aterros sanitários, poluindo o meio ambiente através dos componentes tóxicos que são dispersados no ar através de partículas, ou no solo, contaminando o lençol freático.
O lixo eletrônico contém chumbo, PVC, retardantes de chama polibromados, bário, cromo, mercúrio, berílio e cádmio, que trazem diversos males para os seres humanos. Mas, e nós, o que devemos fazer para tentar nos proteger o mínimo necessário?
Governos do mundo inteiro, cientes de que o lixo eletrônico manipulado de forma errada prejudica o meio ambiente, criaram leis internacionais para regulamentar a questão. Como conseqüência, em 1989, 170 países deixaram sua assinatura na Convenção da Basiléia, exigindo que as nações ricas busquem o consentimento prévio dos países destinatários toda vez que lhes enviarem carregamentos com resíduos perigosos. Foi um método pouco eficaz, mas valeu a tentativa.
Em 1995, alguns protestos trouxeram um novo pedido, que proíbe o envio de resíduos tóxicos a países pobres. A União Européia já incluiu a exigência na sua legislação. A UE exige também que os fabricantes de eletrônicos se encarreguem de dar destino seguro ao seu material, e estimula a produção de aparelhos “verdes”, nos quais são limitados os níveis aceitáveis de chumbo, mercúrio, retardantes de fogo e outras substâncias. Há também idéias de infra-estruturas responsáveis pelo recolhimento e reciclagem de eletrônicos.
As idéias são ecologicamente corretas. As tentativas nem sempre dão certo. Ainda há toneladas de lixo eletrônico saindo dos portos em direção aos países em desenvolvimento.
Pense muito bem antes de trocar de celular.
(Por por Camila Munareto Kusma, Bióloga, Zero Hora, 04/09/2008)