A mortandade de abelhas vem prejudicando a economia do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Essa é a avaliação do engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro. Os dois casos que ocorreram em menos de vinte dias em Barra do Rio Azul, no Norte gaúcho, preocuparam os agricultores. No entanto, Sebastião declara que a situação é ainda pior, porque a mortandade do inseto vem acontecendo há mais tempo.
Segundo ele, na década de 40, o Estado chegou a responder por 50% do mel produzido no Brasil. Hoje, não chega a 11%. Além da perda de mercado, o desaparecimento das abelhas está prejudicando a produção de alimentos. Em boa parte, os insetos são responsáveis pela polinização das plantas.
“Isso tem sido uma constante e nós vamos ter a obrigação de tomar atitudes para evitar esse prejuízo, porque não é um prejuízo só para o dono das colméias, é um prejuízo para a agricultura e para todos. Albert Einstein disse que, no dia que as abelhas desaparecessem, a humanidade desapareceria nos meses seguintes”, diz.
Sebastião relata que o uso de agrotóxicos é o responsável pela morte de abelhas, com cordando com as suspeitas dos técnicos da Emater em Barra do Rio Azul. No primeiro caso ocorrido no município, o principal suspeito é um formicida muito utilizado na região. Sebastião ainda cita como responsável o uso do fungicida imidacloprido. O agrotóxico foi banido em países da Europa por causar a mortandade de abelhas, mas ainda é muito utilizado no Brasil.
“Na Europa e nos Estados Unidos, na hora em que as abelhas estão camperiando, recolhendo o néctar e o pólen, não é permitido aplicar esses venenos. Com isso, se sanearia muito o problema, mas aqui, falar sobre isso é ser ecologista, reacionário, contra o progresso. Então, a jumência nacional não permite que se trate desses assuntos com seriedade”, diz.
Para Sebastião, o modelo de desenvolvimento adotado pelo país está equivocado. Nas lavouras de sementes transgênicas, defendidas pelas empresas do setor como alternativa à agricultura, é usado principalmente o agrotóxico barnase. A substância, que permanece muito tempo nas plantas e no solo, também está matando as abelhas.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 03/09/2008)