Relatório divulgado nesta semana apontou deficiência no depósito de lixo atômico de Asse, no estado da Baixa Saxônia. Depósito apresenta falhas de permeabilidade, acumulando solução radioativa desde 1994. Desde meados dos anos 60, pesquisa-se no depósito de lixo nuclear Asse 2, no estado alemão da Baixa Saxônia, como armazenar detritos atômicos numa antiga mina de sal. As instalações localizadas próximo à cidade de Wolfenbüttel eram consideradas projeto-piloto para um depósito definitivo em Gorleben.
A pedido do Ministério alemão do Meio Ambiente, o estado da Baixa Saxônia divulgou, na terça-feira (02/09), relatório que aponta graves erros da operadora do depósito de resíduos nucleares: o Centro Helmholtz, de Munique, subordinado ao Ministério alemão da Educação e Pesquisa.
O relatório de 162 páginas apontou que, mesmo antes do primeiro transporte de lixo atômico para o depósito, este já apresentava problemas de permeabilidade. Mesmo assim, entre 1967 e 1978, 128 mil barris com lixo de baixa e média radioatividade foram aí depositados.O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, considerou os resultados do relatório como "uma catástrofe" para o debate sobre um depósito verdadeiro e definitivo de resíduos nucleares na Alemanha.
Queixa contra responsáveis do depósito de Asse
Segundo o documento, pelo menos desde 1988, metros e metros cúbicos de água penetram na mina onde hoje se localiza Asse 2. Há quase 15 anos, ali se junta solução salina radioativa. Esta é por sua vez re-bombeada para o subsolo, sem licença, pela operadora do depósito. O relatório não apontou se houve vazamento externo. Gabriel afirmou, no entanto, que "pode-se estar certo de que em nenhum lugar a segurança está garantida".
Tratamento não autorizado com material nuclear, administração inadequada, falta de padrões – ao todo, o ministro do Meio Ambiente deu um péssimo atestado ao Centro Helmholtz de Munique e à superintendência responsável, o Departamento Estadual de Minas, Energia e Geologia da Baixa Saxônia.
Nesta quarta-feira, a chefe da bancada do Partido Verde, Renate Künast, depositou queixa na Procuradoria Pública de Braunschweig contra os responsáveis do depósito de lixo nuclear de Asse. A queixa não se dirige a pessoas concretas, afirmou a Procuradoria.
Questão ainda não esclarecida
Para o ministro social-democrata, forte opositor da energia atômica, o caso é bastante oportuno. As falhas em Asse serviriam para mostrar o tratamento descuidado com o perigoso lixo radioativo. Por outro lado, Gabriel tentou deixar claro que Asse nada teria a ver com o depósito de Gorleben, situado também no estado da Baixa Saxônia. Desde o fim dos anos 70, Gorleben fora escolhido para depósito definitivo de resíduos nucleares.
Para o depósito experimental de Asse, foi escolhida uma antiga mina "tão perfurada quanto um queijo suíço", explicou o ministro. Em Gorleben, trata-se de uma mina de sal intacta, que foi usada exclusivamente como possível depósito definitivo, explicou Gabriel. Com o relatório, o ministro Gabriel põe agora mais lenha na fogueira de uma questão ainda não esclarecida: o destino final das 450 toneladas de lixo nuclear produzidas anualmente pelas usinas atômicas alemãs.
(Deutsche Welle, 03/09/2008)