O Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) vai realizar um projeto de monitoramento da fauna nas áreas do entorno da BR-392, no trecho compreendido entre Rio Grande e Pelotas, visando à realização de obras de adequação da capacidade e melhorias operacionais na rodovia. Esse trabalho foi tratado em reunião, realizada segunda-feira, no gabinete do reitor, entre representantes do Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (Centran), órgão ligado aos Ministérios de Defesa e de Transportes, e o reitor em exercício, Ernesto Casares Pinto. Na ocasião, o coronel Paulo Roberto Dias Morales (chefe da assessoria 7), José Antônio Carneiro Borges (coronel engenheiro) e a advogada Karin Cristine Henkel acertaram detalhes finais da participação da Furg, através do Museu.
Ontem, também houve uma reunião entre José Antônio Carneiro Borges e Karin Cristine Henkel e o responsável técnico pelo projeto, oceanólogo Alex Bager, do Museu Oceanográfico, sobre a parte técnica da atividade. O projeto abrange dois programas, sendo um de Monitoramento de Fauna, que abordará os animais vivos, e outro de Levantamento, Mitigação e Monitoramento dos Atropelamentos de Fauna, sobre os impactos e o que precisa ser feito para mitigá-los. Os dois programas atendem a um dos conjuntos de recomendações para reduzir as interferências das obras sobre a biodiversidade existente no entorno e áreas limítrofes das rodovias. O conjunto de procedimentos representará uma compensação por impactos gerados no trecho, resultantes, de forma direta ou indireta, das obras de duplicação da rodovia.
Execução
Os técnicos do Museu Oceanográfico já iniciaram a estruturação do trabalho e nesta quarta-feira deverão definir as áreas em que serão feitos os monitoramentos. E em duas semanas deverá ter início a execução do projeto. Conforme planejamento do Museu, deverão ser identificados os locais na rodovia onde ocorre maior número de atropelamentos das espécies da fauna e caracterizada a região do entorno, e relacionados os resultados da caracterização das áreas e das espécies atropeladas com os resultados do programa de monitoramento da fauna. Também deverão ser propostas medidas de mitigação para redução dos casos de atropelamentos das espécies da fauna. Além disso, serão monitorados todos os tipos de fauna existentes na região: mamíferos, répteis, aves e peixes.
Serão seis meses de monitoramentos quinzenais, buscando identificar todos os répteis, aves e mamíferos atropelados. A cada atropelamento registrado, o animal será identificado e quando possível medido, sexado e pesado. Universidades e centros de pesquisa do Estado serão contatados para verificar o interesse em receber animais que estejam em condições para comporem coleções científicas. Os resultados irão compor um banco de dados que permitirá o conhecimento de quando e onde eles são atropelados, entre outras informações, o que é importante para o estabelecimento das medidas de proteção a serem empregadas.
(Por Carmem Ziebell, Jornal Agora, 03/09/2009)