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2008-09-02
O Ambiente JÁ publica hoje (02/09) entrevista com a candidata a prefeito de Porto Alegre pela da coalisão Porto Alegre é Mais (PCdoB/PPS/PSB/PR/PMN/PTdoB/PTN), Manuela D´Avila.

Ela diz, por exemplo, que irá criar os programas IPTU Verde e ISS Verde, que reduzirão o valor das tarifas municipais para as residências, grupos de residências, edifícios, condomínios, loteamentos e empresas que implantem tecnologias destinadas a diminuir o impacto da ação humana sobre o meio ambiente. Confira a entrevista abaixo.

Ambiente JÁ - Na sua gestão, como será feito o gerenciamento de resíduos?
Manuela D´Avila - Vamos promover a criação de usinas regionais de captação, seleção, reciclagem e embalamento de lixo urbano seco e orgânico. A idéia é estimular a formação de cooperativas de catadores, de modo a eliminar a influência dos atravessadores que perturbam o setor, e a proporcionar aos catadores e carroceiros a oportunidade de aumentarem a renda. A regionalização das usinas contribuirá para a diminuição do volume e fluxo de carroças e catadores pelo centro da cidade, pois estes estarão circunscritos em seus distritos.

Ambiente JÁ - Como fará para integrar o Lago Guaíba com a cidade?
Manuela - Quero executar, em ritmo acelerado, o projeto socioambiental, que reduzirá a poluição do Guaíba tornando suas águas próprias para banho e úteis à exploração da atividade pesqueira, desonerando ainda o tratamento da água captada pelo DMAE. Buscaremos também valorizar outras ações que aproximem do rio os cidadãos de Porto Alegre, e produzam benfeitorias necessárias para que, respeitado o ambiente natural, a cidade aproveite os quase 70 quilômetros ociosos da orla do rio. A Prefeitura dotará a orla do Guaíba de equipamentos esportivos, culturais e gastronômicos, desde a Usina do Gasômetro até a praia de Ipanema. A orla do Guaíba é um patrimônio do cidadão porto-alegrense. Buscaremos ainda entendimentos com o governo estadual em favor da utilização do cais do porto e de seus armazéns, que ocupam quatro quilômetros da margem do rio, para utilização multifuncional, como hotelaria, gastronomia, esportes náuticos, educação e cultura.

Ambiente JÁ - O que a senhora pensa ou conhece sobre o projeto Pontal do Estaleiro?
Manuela - Pretendo fazer uma avaliação criteriosa dos impactos ao patrimônio histórico-cultural e ambiental que permita o crescimento da zona Sul da cidade. É possível rever o regime urbanístico para o Estaleiro Só, levando em conta um estudo de impactos que objetive preservá-lo como espaço público, respeitando suas características naturais e atendendo aos interesses da população.

Ambiente JÁ - Em relação ao saneamento básico, o que é necessário fazer para garantir mais qualidade de vida à população?
Manuela - Com a execução do projeto socioambiental, decisivo para a despoluição do Guaíba, serão ampliados os sistemas de esgotamento sanitário do Centro, da Zona Sul e da Zona Norte, melhorando as condições de vida da população. Em conseqüência dos investimentos de aproximadamente R$ 200 milhões, do Governo Federal e da Prefeitura, o volume de esgoto tratado, do Centro e da Zona Sul (Ponta da Cadeia, Cavalhada e Restinga), será aumentado de 27% para 77%. Na Zona Norte serão construídos mais 50 quilômetros de rede coletora de esgoto, duas estações de bombeamento e uma de tratamento de esgoto. Além disso,  vamos articular com os municípios vizinhos a formação de um consórcio metropolitano e da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento dos Municípios da Região Metropolitana, que facilite o acesso das prefeituras a financiamentos federais para os serviços de abastecimento de água, redes de esgotos, drenagem urbana, coleta e deposição de lixo.  

Ambiente JÁ - O aumento de carros na cidade afeta diretamente o aquecimento global. O que fará para estimular alternativas de transporte?
Manuela - Nosso governo implantará em Porto Alegre um sistema de transporte público integrado e multimodal – metrô, ônibus, lotações e ciclovia. Assim, o metrô operará integrado a um sistema racional de ônibus e de lotações que, por sua vez, será útil às pessoas que precisem ou queiram usar bicicleta para cumprir parte de seu trajeto. Todo o sistema será construído a partir da necessidade dos usuários.

Ambiente JÁ - Como irá incentivar práticas ecologicamente corretas nos empreendimentos urbanos?
Manuela - A proposta é criar os programas IPTU Verde e ISS Verde, que reduzirão o valor das tarifas públicas municipais para as residências, grupos de residências, edificios, condomínios, loteamentos e empresas que implantem tecnologias destinadas a diminuir o impacto da ação humana sobre o meio ambiente. Eles  incentivarão ações como o reaproveitamento de águas pluviais; adoção, implantação e utilização de sistemas de energia solar e de energia eólica; implantação de sistema de geração de energia próprio que ofereça iluminação também às áreas públicas; reciclagem completa do lixo, de modo a desonerar o sistema público; compostagem do lixo orgânico com separação na fonte e formação de leiras de tratamentos. A Prefeitura produzirá e distribuirá cartilhas que orientem a população sobre a relação custo/benefício de cada sistema, o ganho financeiro e os gastos com a manutenção predial, decorrentes da implantação das novas tecnologias.

Ambiente JÁ - O que você entende por uma Porto Alegre Sustentável?
Manuela - Uma cidade sustentável é antes de tudo uma cidade saudável, com emprego, saúde, segurança e que possa proporcionar educação de qualidade para seus cidadãos. Vamos proporcionar mais contato da população com as praças e parques, aumentando a iluminação e vigilância. Também criaremos um Instituto de Planejamento Urbano, órgão que funcionará de forma integrada com a Secretaria de Planejamento Urbano-Ambiental, produzindo soluções integradas na cidade e com os municípios da Região Metropolitana. Caberá ao Instituto de Planejamento captar recursos e atrair investimentos que viabilizem a implantação de planos, programas, projetos e obras para o desenvolvimento urbano e ambiental. Outra importante medida será a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), ferramenta de planejamento estratégico das políticas públicas setoriais. Trata-se de um processo formal, sistemático, público, democrático e participativo de previsão e avaliação dos impactos ambientais que prevê a apresentação de alternativas sustentáveis para as políticas, planos, programas e projetos governamentais. Com este instrumento, a Prefeitura atuará em perfeita sintonia e integração entre o projeto de desenvolvimento e a variável ambiental com as demais políticas públicas setoriais, garantindo que as preocupações ambientais sejam levadas em consideração o mais cedo possível.

Ambiente JÁ - Como a senhora vê a questão dos índios que vivem em Porto Alegre, especialmente os que ocupam o Morro do Osso?
Manuela - A situação do Morro do Osso nos faz refletir quanto à necessidade urgentíssima da implementação de políticas públicas necessárias à sobrevivência dos Povos Originários, com a garantia de áreas para assentamento, de moradia digna e implementação de projetos de geração de renda. Também é necessário mais atendimento à saúde e uma educação que leve em conta a preservação de seus costumes e sua cultura.

Biografia da candidata
Manuela é jornalista e deputada federal. Sua trajetória política começou no movimento estudantil, foi diretora da UNE, conselheira universitária da UFRGS e integra a direção nacional do PCdoB. Em 2004, com 9.498 votos, Manuela foi eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre. Em 2006, Com 271.939 votos, foi a deputada federal mais votada do Brasil.  Em Brasília, Manuela preside a Frente Parlamentar do Esporte. A política também integra a Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público e a Comissão de Turismo e Desporto.

A página da candidata pode ser acessada aqui.

(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 02/09/2008)

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