A estimativa das reservas na camada pré-sal na bacia de Santos são mais significativas do que na região ultraprofunda das bacias de Campos e do Espírito Santo, disse nesta segunda-feira (01) o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. O executivo explicou que a camada de sal em Campos e Espírito Santo se deslocou ao longo dos anos, fazendo com que o óleo abaixo subisse. Em Santos, a camada de sal manteve-se praticamente intacta, preservando o óleo abaixo dela.
"É o início de uma história, que terá continuidade em Santos. É um poço-escola que vai nos ajudar a construir uma grande base de dados que garantirá a otimização dos investimentos futuros", sintetizou Estrella.
Em função disso, a espessura da camada de sal em Santos ultrapassa os 2.000 metros, enquanto em Campos, por exemplo, varia de 200 a 400 metros. O poço 1-ESS-103A, cuja produção abaixo da camada de sal será iniciada amanhã, tem espessura de sal de 200 metros apenas. Isso não inviabiliza, segundo Estrella, o uso do poço para que sejam colhidas informações a respeito das características de reservatórios do pré-sal.
"A perspectiva para Santos é mais expressiva, mas trata-se uma interpretação geológica. Os mapas que temos hoje indicam que isso, mas amanhã, podemos descobrir coisas que não estavam previstas. Isso é comum na indústria do petróleo", afirmou.
O poço de onde sairá o óleo do pré-sal no Espírito Santo já está em operação desde 2006 no campo de Jubarte, situado na parte capixaba da bacia de Campos, e está interligado à plataforma P-34. O petróleo é retirado de uma profundidade de 1.350 metros. Com as descobertas no pré-sal de Santos, técnicos da estatal decidiram perfurar abaixo do pré-sal, e encontraram mais óleo depois de passarem por uma espessura de 200 metros de sal.
O investimento neste projeto é de R$ 58 milhões. A capacidade máxima prevista para a produção pioneira é de 18 mil barris/dia, considerada elevada pelos engenheiros da Petrobras, por tratar-se de uma fase de testes.
O gerente de Exploração e Produção para os projetos do pré-sal, José Formigli Filho, comparou o início da produção do pré-sal aos testes feitos na década de 80 nos campos de Albacora e Marlim, na bacia de Campos. Atualmente, esses campos tem produção superior a 150 mil barris/dia.
A Petrobras já perfurou quatro poços no pré-sal da bacia de Campos situado no Espírito Santo. Até o fim do ano, serão mais dois poços, que poderão dar uma idéia maior do exato potencial da região. Há suspeita de que o óleo possa se estender para a área de Baleia Azul, vizinha ao Parque das Baleias, onde está situado o campo de Jubarte.
(Cirilo Junior, Agência Folha,
Folha Online, 01/09/2008)