É só amanhecer e os visitantes pulam de fome. José Manso, proprietário de um sítio em Cássia dos Coqueiros, a 304 km de São Paulo, acorda cedo para servir o café da manhã para os macacos. Todo dia é uma festa no quintal. O primeiro casal apareceu há dez anos. Logo em seguida, vieram os filhotes.
"Eles parecem crianças. Comem com as mãos", diz em tom de brincadeira o dono do sítio, mais conhecido como Zezé. As caretinhas sapecas e o jeitinho de quem faz tudo para ganhar uma banana conquistaram o coração do aposentado.
A amizade com os macacos passou a ser a alegria de Zezé. Cada bicho a mais que aparecia era um motivo a mais para ser feliz. O problema é que o bando cresceu demais e, atualmente, seu Zezé é um homem preocupado com tanta boca para alimentar.
Já são 120 macacos, divididos em seis grupos, que comem o dia inteiro. Por mês, eles consomem duas toneladas de cana, 180 kg de milho e 20 cachos de banana. O líder do bando exige respeito, e uma penca de banana mais pesada que ele para se alimentar.
O dono do sítio sabe que a culpa é dele mesmo. A comida em abundância favoreceu a reprodução descontrolada. Os macacos estão acabando com o sossego e o dinheiro de Zezé. “Eles comem e namoram, comem e namoram. Vão acabar me quebrando”, diz.
Zezé já pediu ajuda, mas quando os funcionários do Ibama chegam ao local para a captura dos animais, eles desaparecem. Afinal, com galho com vista para cachoeira, barriga cheia e cafuné depois do almoço, quem vai querer morar em outro lugar?
(Do G1, com informações do
Jornal Hoje, 01/09/2008)