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reaproveitamento da casca de arroz petroquímica
2008-09-02

A Braskem iniciou ontem (01/09) tratativas com produtores de arroz do Estado para comprar matéria-prima que irá mover cinco usinas de biomassa. Toda produção gerada servirá para consumo próprio. A expectativa é que elas gerem 50 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com 350 habitantes.

Mapeamento inicial da empresa apontou os cinco municípios para receber as usinas. São Borja, Itaqui, Pelotas, Dom Pedrito e Camaquã. O Rio Grande do Sul já conta com quatro delas movidas à casca de arroz que geram um total de 13 MW. Todas são empreendimentos de produtoras de arroz em Itaqui, Alegrete (2) e São Gabriel.

O diretor de Energia da Braskem, Marcos Vinicius Gusmão do Nascimento, justifica o investimento. “Somos o terceiro maior consumidor de energia do país e queremos ampliar nosso mix de fontes. O Rio Grande do Sul nos dá a chance do reaproveitamento de resíduos agrícolas”.

A empresa baiana, que controla a Copesul e Ipiranga Petroquímica no Estado, consome energia gerada por óleo diesel, gás natural e carvão mineral e ainda vem estudando a possibilidade de outras fontes, até mesmo a hídrica.

Para o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) os gaúchos sempre sentiram falta de investidores para que esse tipo de energia finalmente fosse alavancada. Ele lembrou que as usinas da Braskem também poderão aproveitar cavacos e outros resíduos de madeira. “Temos também na Metade Sul do Estado essa possibilidade com os investimentos das empresas de papel e celulose”, destacou.

Floriano Isolan, consultor florestal da CaixaRS, aprova a iniciativa da empresa. Ele defende que seja ampliada para o setor florestal como um todo. “Podemos agregar empresas menores em torno das grandes para produzir uma gama ampla de sub-produtos para a Indústria da Madeira. Para o especialista, essa geração energética através de resíduos da madeira seria como “fechar o ciclo”.

Distância pode ser entrave
Ana Carla Petiti, gerente de comercialização da Braskem, explicou aos produtores presentes ao evento em Porto Alegre que estudos de viabilidade econômica exigem que a distância da geração de resíduos até as usinas não pode ultrapassar um raio de 10 quilômetros.

Para o produtor Alcir Buske, da Cooperativa Agrícola e Mista de Agudo, a intenção da empresa “parece uma ótima oportunidade”. O problema, segundo ele, seria realmente essa limitação de distância. “Nós (arrozeiros) temos dificuldade em encontrar solução para a casca de arroz”, afirma ele, que vai participar da rodada de conversações durante a semana. A cooperativa de Agudo conta com 500 produtores que geram cerca de 30 toneladas por mês desse resíduo, que hoje é utilizado como cobertura morta (adubação no solo).

Depois de receber muitos questionamentos sobre essa limitação, os técnicos da empresa admitiram a possibilidade de ampliar a distãncia em razão das tecnologias de compactação dos resíduos. “Tudo isso será conversado no decorrer das negociações que teremos com os interessados”.

Marcelo Wasem, coordenador Sul de Energia da Braskem, explicou que 100% do risco dos investimentos serão de responsabilidade da empresa, mas os produtores terão de comprovar capacidade de fornecimento pelo período mínimo de 15 anos.

A empresa pretende firmar protocolos de intenções com interessados já com a definição da capacidade de fornecimento e do preço a ser pago aos produtores ou cooperativas. O valor, no entanto, não foi divulgado. Conforme Ana Carla Petiti, a petroquímica ainda não tem como afirmar qual valor poderá pagar. “ Vai depender da quantidade, do tempo e da distância no transporte da matéria-prima”. Também não há definição de quantidade mínima para compra da matéria-prima de cada produtor.

As usinas
A expectativa da Braskem é que seja possível construir cinco usinas, cada uma com capacidade de, no mínimo, 10 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de 70 mil habitantes. Para o funcionamento de cada uma são necessários 5 ml toneladas/mês de casca de arroz. Conforme o diretor de Energia da empresa, as usinas serão projetadas para queimar tanto casca de arroz quanto resíduos de madeira.

Para o produtor que desejar vender esse resíduo à empresa ainda existe a possibilidade de receber um repasse referente a créditos de carbono. “Isso também será estudado pela empresa”, explica Marcos Vinícius.

Embora já seja um tipo de resíduo, a casca de arroz ainda pode gerar um sub-resíduo (cinza) durante sua queima, que os técnicos da empresa admitem ainda não ter resolvido como destiná-lo.

(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 02/09/2008)


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