Não havia nenhum estudo brasileiro que determinasse os níveis dos principais minerais essenciais no mel, alimento bastante consumido pela população pelos benefícios que pode causar no organismo e as várias utilidades. Também não se encontra descrita alguma referência nos rótulos. Por isso, a motivação da biomédica Marina Alvarez Torrezan foi, justamente, identificar as concentrações de ferro, cálcio, magnésio, manganês, zinco, sódio, potássio e cobre em amostras de mel.
A surpresa da pesquisadora, orientada pelo professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp Marcelo Alexandre Prado, foi encontrar pequenas quantidades desses minerais em um alimento com alto valor energético e de vitaminas. Em geral, o mel é utilizado como substituto do açúcar ou consumido in natura. Isto porque é um dos alimentos mais puros da natureza, pois não requer processo industrializado para a sua ingestão. “Mas, o estudo mostrou que em termos de minerais ele não pode ser usado como fonte”, destaca Marina.
Ela utilizou, para fundamentar a pesquisa, amostras de mel de laranjeira, silvestre e eucalipto, que são as qualidades mais encontradas nos supermercados de Campinas e Belo Horizonte, sendo esta última a cidade em que concentrou as análises em laboratório. Selecionou dez amostras com lotes diferentes e, em todos os testes, os traços de concentrações foram mínimos.
Os resultados diferem de estudos feitos em outros países em que o produto possui elevadas concentrações de minerais. Uma justificativa, segundo Marina, poderia ser a variedade da vegetação brasileira e a conseqüente diversidade na composição do produto. Não descarta, no entanto, a possibilidade de se realizar análises em um maior número de amostras.
(Por Raquel do Carmo Santos, Jornal da Unicamp, 02/09/2008)