Os furacões no Atlântico e as inundações na Índia devem servir de alerta para o mundo sobre os riscos associados às mudanças climáticas, disse na segunda-feira o diretor do Programa Ambiental da ONU, Achim Steiner. Segundo ele, os atuais transtornos são compatíveis com as previsões feitas pelo Painel Climático da ONU, e ressaltam a necessidade de que até o final de 2009 os governos concluam um novo tratado global contra o aquecimento.
"Esses desastres naturais de fato refletem um padrão de mudança que está de acordo com as projeções", disse ele à Reuters por telefone de Genebra. Citando os furacões no Atlântico e as inundações da Índia, ele disse que "claramente temos mais razões do que nunca para estarmos preocupados com o desenrolar de padrões que o IPCC comissão científica da ONU previu".
Ele admitiu, porém, ser impossível vincular diretamente fatos como o furacão Gustav às mudanças climáticas provocadas por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis. O furacão Gustav atingiu na segunda-feira a costa sul dos EUA, um pouco a leste de Nova Orleans, cidade que já havia sido devastada há três anos pelo furacão Katrina.
Em Bihar (leste da Índia), o transbordamento do rio Kosi, depois do rompimento de uma represa no Nepal, deixou pelo menos 3 milhões de desabrigados e 90 mortos. Steiner lembrou que, além do sofrimento humano, há também "uma escalada econômica quanto aos danos por desastres naturais". A seguradora Munich Re estima que desastres naturais (muitos deles climáticos) provocaram prejuízos de 50 bilhões de dólares no primeiro semestre.
"O crescimento das populações e da infra-estrutura significa que vamos enfrentar cada vez mais fatos dessa natureza e que eles vão se tornar um grande risco para nossas economias", disse Steiner. "Nossas sociedades não podem suportar isso, nosso setor de seguros não pode suportar uma escalada nos riscos."
(Por Alister Doyle, Reuters, Terra, 02/09/2008)