Projetos popularizam transformação de energia solar em elétrica; Inmetro avaliará eficiência energética de prédios em 2009Na discussão a respeito da sustentabilidade na construção civil brasileira, os holofotes se voltam agora para a eficiência energética.
No cenário de novidades, empresas e universidades brasileiras apresentam planos de prédios que geram sua própria eletricidade e painéis fotovoltaicos que permitem transformar energia solar em elétrica.
Um edifício responsável pela produção de toda a energia elétrica consumida por seus usuários é o objetivo de projetos denominados "zeronet" ou auto-suficientes.
Realidade em alguns países europeus, como a Alemanha, essa idéia dá seus primeiros passos em uma indústria do ABC. A Zeppini, fabricante de equipamentos para postos e motos de São Bernardo do Campo, anunciará em setembro a geração de energia elétrica de toda a sua área social por meio de painéis fotovoltaicos instalados nos telhados.
A divulgação será marco inicial da Energia Z, braço da empresa que oferecerá produtos para instalação de fotovoltaicos e projetos de energia solar.
"É um mercado que ainda não aparece em estatísticas", dimensiona Paulo Fernandez, diretor da Zeppini, que investiu US$ 1 milhão no projeto.
Mas o quadro parece mudar com o boom do mercado brasileiro de construção civil. A preocupação das incorporadoras em obter certificados de sustentabilidade traz às rodas da indústria temas que até então não tinham espaço.
Selo do InmetroPara regulamentar o setor, o Inmetro (instituto nacional de metrologia) lançará no início de 2009 uma etiqueta avaliadora da eficiência energética de edificações comerciais novas com lajes acima de 500 m2.
O selo, inicialmente voluntário, terá faixas de A a E, atribuídas segundo o desempenho energético da edificação.
"Faz todo o sentido que o setor público passe a fazer só prédios A e B, porque a conta [de energia elétrica] ficará com ele depois", observa Roberto Lamberts, professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Instalar um sistema de uso da energia solar é caro -levam-se cerca de 15 anos para recuperar o investimento-, mas tecnologias para barateá-lo começam a aparecer.
Na PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica), o projeto Planta-Piloto, liderado pelos professores Adriano Moehlecke e Izete Zanesco, estuda a viabilidade da produção nacional de painéis de silício, que atualmente são importados.
Outras inovações serão debatidas no 1º Simpósio Brasileiro da Construção Sustentável, que acontece em São Paulo de 04 a 05 de setembro (leia mais no texto ao lado).
(Por Cristiane Capuchinho,
Folha de São Paulo, 31/08/2008)