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reservas brasileiras de petróleo
2008-09-01
O analista de energia para América Latina do UBS Pactual, Gustavo Gatass, acredita que o desenvolvimento rápido dos campos da região do pré-sal do litoral brasileiro dependerá da atuação de mais empresas, além da Petrobras.

"Os investimentos cabem no balanço da Petrobras? Depende de quão rápido vamos querer desenvolver os campos. Se for rápido, teremos que ter muito mais que a Petrobras atuando no país", afirmou Gatass, que participou hoje(29) do seminário "Os desafios do pré-sal", promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

De acordo com o analista, Tupi teria um custo de US$ 36 bilhões até que os sócios começassem a ter retorno com o investimento. Nesse período, a Petrobras, dona de 65% do campo, teria de arcar com cerca de US$ 20 bilhões, o que, segundo Gatass, caberia no orçamento da empresa. "O problema é que o pré-sal não é só Tupi", frisou Gatass.

O analista acrescenta que o desenvolvimento dos campos do pré-sal, com custo médio por barril de óleo equivalente de US$ 12,70, poderia chegar a US$ 635 bilhões. Esta conta leva em conta uma vazão por poço de 20 mil barris por dia, mas caso essa vazão fique em 10 mil barris por dia, o custo pode atingir US$ 1,27 trilhão.

Gatass também contestou afirmações de que a fatia das receitas petrolíferas apropriadas por parte do Estado é pequena. De acordo com ele, um campo do tamanho de Tupi - caso se confirme o topo da expectativa para a área, de 8 bilhões de barris de óleo equivalente de reservas - poderia destinar até 62,7% das receitas obtidas para o governo, levando em consideração o preço de US$ 95 pelo barril do tipo Brent.

Segundo o analista, outra peculiaridade do sistema de cobrança de impostos e taxas no setor petrolífero brasileiro é que a mordida governamental sobe à medida que o preço do petróleo cai. Como exemplo, lembrou que Tupi, com o petróleo a US$ 60 o barril, entregaria 63,5% das receitas para o Estado, percentual que atingiria 65% com o barril a US$ 40.

O analista do UBS Pactual defendeu ainda a manutenção das regras para os contratos existentes no setor, embora tenha deixado claro que a expectativa da existência de grandes reservas de petróleo e gás justifica a disposição do governo em discutir um novo marco regulatório.

"Se vai ter muito mais óleo do que imaginávamos, temos que parar e pensar mesmo. O que não pode é assustar o pessoal que está investindo", ressaltou.

(Rafael Rosas, Valor Online, 29/08/2008)    
 

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