Entidades da Assembléia Permanente de Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (Apedema) divulgaram nesta semana carta pública contestando a legitimidade do evento Diálogo Florestal. A atividade é promovida pelas indústrias papeleiras de forma itinerante pelo interior do Estado.
Para as organizações não-governamentais (ONG’s) que assinaram a carta, as papeleiras se utilizam do Diálogo Florestal para dar legitimidade às monoculturas de pínus e eucalipto que estão inserindo no Estado. Isso acontece porque existem ONG’s que participam do evento. No entanto, o presidente da Sociedade Amigos da Água Limpa e do Verde (Saalve), Carlos Marchiori, afirma que as entidades que contestam as monoculturas não participam do encontro.
“A indústria da silvicultura que quer porque quer ficar no Rio Grande do Sul tenta, através do diálogo florestal, legitimar as suas decisões, podendo publicar e dizer ’nós estávamos lá conversando com as ONG’s ambientais’, quando as ONG’s que estão combatendo eles não estão presentes”, diz.
Vinte e cinco papeleiras integram o Diálogo Florestal, que acontece há mais de um ano. Entre elas, está a Aracruz Celulose, Stora Enso, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Klabin. Carlos contesta, inclusive, o nome do evento, porque as papeleiras não plantam florestas. O ambientalista esclarece que as monoculturas de pínus e eucalipto não são florestas porque não possuem os estágios, nem a biodiversidade que as caracterizam.
“O movimento ecológico gaúcho está lutando contra um modelo de desenvolvimento que está sendo botado goela abaixo do povo gaúcho, que se chama silvicultura, uma promessa de desenvolvimento econômico fácil”, diz.
Além da Saalve, assinaram a carta o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), Instituto Biofilia, Núcleo Amigos da Terra/Brasil (NAT), Centro de Estudos Ambientais (CEA), Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e a Associação Sócio-Ambientalista (IGRÉ).
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 29/08/2008)