Mais de 50 pessoas se cadastraram para ajudar a limpar aves sujas de óleo
A chegada dos pingüins sujos de óleo às praias de Florianópolis formou uma corrente de ajuda para tentar salvá-los. Mais de 50 pessoas se cadastraram na organização não-governamental R3 Animal para se revezarem no tratamento dos bichos. A ONG atua em parceria com a Polícia Militar Ambiental no Centro de Triagem de Animais Silvestres do Parque Florestal do Rio Vermelho, na capital catarinense.
De maio a setembro, é comum aparecem cerca de 200 pingüins na Grande Florianópolis. Como desta vez eles vieram todos juntos e com o agravante de estarem debilitados pela ingestão e as penas cobertas de óleo, o reforço foi necessário.
— Nos oito anos da ONG, nunca vimos nada parecido. Tivemos que solicitar ajuda até de especialistas do Museu Oceanográfico de Rio Grande (RS) — conta a presidente da R3 Animal, Alessandra Arriada.
Enquanto eles não chegam, o jeito é reabilitar os bichos da forma que podem. Separados por grades, cada conjunto de pingüins recebe água por uma sonda para a hidratação e papinha com mistura de complementos vitamínicos, mel e minerais.
Mas a tarefa não é tão simples como parece. Nessa hora, arranhões e bicadas podem acontecer. Ismael Caetano sentiu a força de um dos pingüins que beliscou seu nariz.
— Mas não foi nada. Até me apaixonei por ele — brincou, já com outro na mão.
Assim como o DJ e modelo, o paranaense Sabino Dambros também decidiu ajudar. Interrompeu seu treinamento de atletismo para salvar os animais. Ao seu lado, o francês James Hermary aproveitou as férias no Brasil e o trabalho voluntário no Projeto Lontras para participar do mutirão.
— É a minha primeira oportunidade de ajudar a salvar animais — conta feliz enquanto carrega mais um para o cercado.
Faltam equipamentos como luvas e bancos
Para a zootecnista da ONG, Patrícia Mallmann, toda ajuda é válida.
— Apesar de o trabalho ainda estar meio atrapalhado, estamos acertando. Só três pingüins morreram porque estavam extremamente fracos.
Mesmo com tanta ajuda, faltam equipamentos, de seringas e luvas até bancos para os voluntários sentarem enquanto alimentam os animais. Eles serão necessários para a continuação do tratamento, que deve durar bem mais de 10 dias.
— Esse é o tempo que eles precisam para ficar de pé novamente. Mas só podemos liberá-los quando atingirem os quatro quilos. Hoje, eles estão com uma média de 1,5 quilo — informa Alessandra Arriada.
Segundo Marcelo Duarte, da Patrulha Ambiental, o trabalho dos voluntários é fundamental na recuperação dos pingüins. Para ficar livre da gordura do petróleo, cada bicho deve ser lavado, no mínimo, cinco vezes.
— Os cuidados com o banho e hidratação são feitos pelos voluntários. Precisamos de mais pessoas nos auxiliando nesse trabalho — conta Duarte.
Os interessados em ajudar devem ligar para (48) 3269 7211.
Pingüins no Paraná
Na tarde desta sexta-feira, foram encontrados mais quatro pingüins sujos de óleo na costa paranaense. Segundo a Patrulha Ambiental, eles estariam juntos com os que chegaram a Santa Catarina. Dois pingüins já morreram.
(Zero Hora, 29/08/2008)