Um supercomputador pode ajudar a responder essa pergunta. A máquina de R$ 36 milhões vai auxiliar a equipe do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos estudos sobre as causas e efeitos do aquecimento global no Brasil. “Antes dependíamos das simulações climáticas feitas em outros países. E muitas casos esses estudos não tinham precisão sobre regiões como o Brasil”, diz Carlos Brito, diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Agora estaremos entre os seis países do mundo que podem gerar cenários futuros sobre as mudanças climáticas”. Essas informações são fundamentais para definir os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os novos estudos científicos podem fortalecer o país nos acordos internacionais sobre o clima. “O debate político sobre o tema está calçado nos resultados científicos”, afirma Brito. “E as negociações das medidas para minimizar os efeitos das mudanças climáticas são importantes para as economias de todas as nações”. A compra do supercomputador faz parte do Programa Fapesp de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais. O projeto conta com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e prevê o investimento de 100 milhões de reais em pesquisas sobre causas e impactos do aquecimento global no planeta. O programa vai usar instrumentos como o supercomputador e o aumento das pesquisas para descobrir como vai ser a agricultura, a biodiversidade e saúde no Brasil em um futuro com temperaturas mais elevadas.
As pesquisas também devem trazer definições mais exatas sobre a contribuição nacional de gases que provocam o aquecimento global. O Brasil é o quinto país no ranking das emissões mundiais. A destruição da Amazônia representa 75% desse processo. O programa foi lançado hoje e as pesquisas vão acontecer no decorrer dos próximos dez anos.
(Juliana Arini,
Blog do Planeta, 28/08/2008)