Os cinco arrozeiros com propriedades dentro da reserva Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, esperam lucrar R$ 157,5 milhões com a safra de verão, que compreende os meses de setembro a maio de 2009.
A safra, que começa nos próximos dias, é a mais próspera do ano, segundo previsão da Associação dos Arrozeiros de Roraima. O objetivo é plantar arroz em cerca de 24 mil hectares (1,4% da terra indígena), o que resultaria em 152,4 mil toneladas. Na safra que acaba de terminar, o arroz foi cultivado em 14 mil hectares.
Os cinco produtores são donos de seis fazendas que resistiram às indenizações: Depósito e Providência (ambas de Paulo César Quartiero), Tatu (de Ivo Barilli), Praia Grande (de Ivalcir Centenaro), Canadá (de Genor Faccio) e Vizeu (de Nelson Itikawa). Todos os produtores praticamente chegaram na década de 1970, vindos do Sul incentivados a ocupar a região Norte do país pelo governo militar. Hoje protagonizam uma das maiores e mais polêmicas disputas jurídicas.
O governo de Roraima argumenta que, se os arrozeiros deixarem a Raposa, comprometeriam o desenvolvimento econômico do Estado. A produção da cultura responde por 6% da economia de Roraima e as propriedades de dentro da reserva, de 1,7 milhão de hectares, são responsáveis por dois terços de tudo o que é produzido no Estado -algumas fazendas também produzem soja e criam gado.
Segundo o Ibama, os rizicultores são os maiores responsáveis pelos problemas ambientais encontrados na Raposa/ Serra do Sol. Técnicos do instituto que fizeram vistorias detectaram irregularidades na região como a destruição de áreas de preservação permanente e uso irregular das águas.
(Lucas Ferraz,
Folha de São Paulo, 29/08/2008)