Apreendidas pelo Ibama em 7 de junho, após decisão da Justiça Federal, 3.046 cabeças de gado criadas ilegalmente dentro da Estação Ecológica da Terra do Meio, no município de Altamira no Pará, foram arrematadas ontem (28/8), em leilão eletrônico, pelo valor inicial de R$ 1,3 milhão.
Houve apenas um lance pelos chamados bois piratas que estavam divididos em sete lotes, intermediado pela Bolsa Brasileira de Mercadorias de São Paulo. Onze bolsas de mercadorias participaram do leilão do boi pirata. Não foi divulgado o nome do comprador.
O governo se comprometeu a transportar o gado vendido até o município mais próximo da Fazenda Laurilândia, área onde o rebanho está sendo guardado. O local de entrega será combinado com o arrematante.
Ao comentar o resultado do leilão, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lembrou que pecuaristas da região estavam fazendo "uma queda de braço" com o governo, promovendo um boicote que levou ao insucesso das primeiras tentativas de se leiloar o gado, mas acabou prevalecendo o interesse ambiental, mesmo com a venda pelo preço mínimo:
"Nosso objetivo não é vender boi nem ganhar dinheiro, mas proteger as unidades de conservação. Após a apreensão desses bois piratas, 36 mil outras cabeças de gado já foram retiradas, pelos donos, da estação ecológica e outras 20 mil de outra unidade de conservação, também na Terra do Meio." Além disso, outras quatro mil reses também foram retiradas pelo proprietário do Parque Nacional de Jamanxim depois da operação comandada pelo próprio ministro.
Minc lembrou que agora, após assinatura de decreto regulamentando a Lei de Crimes Ambientais, pelo presidente Lula, o Ibama passou a ter direito ao chamado perdimento. Ou seja, ao se esgotar o processo administrativo, com direito de defesa dos acusados, o gado apreendido em qualquer unidade de conservação poderá ser vendido sem demora, com o dinheiro sendo aplicado em outras ações de combate a crimes ambientais.
"O nosso ganho com essas operações não é financeiro, mas de combate à impunidade e de preservação do meio ambiente. Acabou a moleza, acabou a impunidade. Os proprietários que estejam criando gado em unidades de conservação terão que retirá-lo.", disse o ministro.
(
Ministério do Meio Ambiente, 28/08/2008)