A um dia da abertura dos portões da mostra, eqüinos dominam ação
Em menos de cem metros de caminhada entre as baias de cavalos crioulos da Expointer, o ginete Marcelo Moglia usa o espanhol para cumprimentar quatro grupos de amigos. É o mais internacional entre todos os cavaleiros em disputa na final do Freio de Ouro 2008, que começou ontem e vai até domingo, em Esteio.
– Como estás, don Italo? Estou montando um cavalo argentino e uma égua uruguaia. Agora, só falta um chileno – brinca Moglia, em castelhano, ao saudar Italo Zunino, um dos principais criadores da raça no Chile.
Além de quatro animais brasileiros, o ginete conduzirá a égua Jaguel Boca Preta, da cabanha uruguaia Septiembre, e o macho Del Paye El Payuca, da argentina El Payé. A confiança dos estrangeiros em Moglia não é de hoje. Há cinco anos, dá consultorias em cabanhas na Argentina, onde atualmente tem cinco clientes.
A participação de animais de fora do país na final do Freio, no entanto, ainda é pequena. Entre os 88 que disputam a prova, há apenas três estrangeiros, incluindo o cavalo La Tigra Chalchalero, da cabanha uruguaia La Milagrosa, montado por Soledad Ferreira, única mulher entre os ginetes.
Há 15 anos são disputadas classificatórias do Freio de Ouro no Uruguai e há seis, na Argentina. A expectativa é quando um estrangeiro irá abocanhar um freio de ouro, prata ou bronze, o que ainda não ocorreu. O administrador da Cabanha Septiembre, Alvaro Rubio, bota fé na égua Jaguel Boca Preta.
– Viemos para brigar (pela vitória) – garante.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, Henrique Teixeira, lembra que o intercâmbio genético e comercial já é antigo na raça:
– O próximo passo é integrarmos as provas funcionais – afirma.
Cada país tem suas provas tradicionais, a exemplo da Media Luna chilena, o que dificulta essa unificação.
(Por Sebastião Ribeiro, Zero Hora, 29/08/2008)