O índio Jucinaldo Sateré-Mawé disse nesta quarta-feira que as comunidades indígenas continuarão lutando pela demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol mesmo se a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) for contrária. Ele comemorou o voto do ministro-relator Carlos Ayres Britto, a favor da demarcação contínua, e disse esperar que os outros ministros sigam a mesma linha.
"Para nós, Raposa Serra do Sol significa uma consolidação dos direitos indígenas no Brasil ou um retrocesso há 20 anos. Os povos indígenas acreditam na justiça, mas vamos estar determinados para defender os nossos direitos", afirmou.
O índio Júlio Macuxi pediu uma solução definitiva para a questão e a permanência da Polícia Federal. "Confiamos na Policia Federal que faça uma segurança para evitar qualquer conflito porque hoje as comunidades estão sendo ameaçadas", pediu.
Emoção
A senadora Marina Silva (PT/AC) disse que se emocionou com o voto de Britto. Para ela, foi um voto conciliador que marca "um encontro do Brasil consigo mesmo". "Vendo a mais alta corte fazendo todo esse trabalho de reconciliação do país com suas origens, simbolizado no voto do relator, é emocionante", completou.
Para o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Augusto Freitas de Meira, caso a decisão do STF seja contrária à demarcação contínua das terras, pode haver uma série de questionamentos em relação a outras reservas indígenas.
"Sempre foi uma preocupação de todos os povos indígenas de que pudesse haver alguma situação que ameace os direitos conquistados pela constituição de 88", afirmou.
(Por Lorenna Rodrigues, Agêcia Folha, Folha Online, 27/08/2008)