(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
raposa serra do sol demarcação de terras direitos indígenas
2008-08-28

Um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu nesta quarta-feira (27) o julgamento da ação que contesta a demarcação contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. No entanto, o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, disse que o julgamento será retomado ainda neste ano. O grupo ligado aos arrozeiros comemorou com fogos de artifício o adiamento da sessão.

Relator da ação, o ministro Carlos Ayres Britto deu voto favorável à demarcação contínua da reserva, e pediu que seja derrubada a liminar que impedia a operação da Polícia Federal de retirada de não-índios da região.

Em seu voto, Britto reconheceu a competência constitucional da União para não apenas demarcar, mas "proteger" as terras ocupadas por indígenas. "O formato é contínuo", disse o ministro, ressaltando, contudo, que é possível a conciliação entre índios e não-índios.

"Não se pense que a exclusividade de usufruto seja inconciliável com a eventual presença dos não-índios, a instalação de equipamentos tecnológicos, a montagem de bases fixas. A conciliação é possível desde que tudo se processe debaixo da liderança da União e do controle do Ministério Público."

O STF julga a legalidade do decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, que estabeleceu a demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol. A constitucionalidade do decreto é contestada por parlamentares e governo do Estado, e produtores de arroz instalados na região.

"Perfeita compatibilidade"

O ministro-relator do STF considerou que há compatibilidade entre as faixas de fronteira e as terras indígenas localizadas em Roraima, argumento usado pelo governo do Estado e produtores de arroz para sustentar a tese de que a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol ameaça a segurança nacional.

"Não é por aí que se pode falar da abertura de flancos. Os nossos aborígenes, amantes e profundos conhecedores da nossa geografia, sempre souberam se opor à tentativa de invasores estrangeiros ao nosso país", disse Britto, em defesa de uma "patriótica" parceria dos índios com a Polícia Federal e as Forças Armadas nas fronteiras brasileiras.

"Quem proíbe o Estado de ocupar o espaço que lhe cabe? Não podem os índios pagar a fatura de uma dívida que não contraíram", acrescentou.

Na leitura de seu relatório, o ministro do STF afirmou ainda que a competência para demarcar terras indígenas pode ser exercida pela União contra Estados e municípios e não apenas contra não-índios.

E censurou os Estados que vêem a demarcação de áreas indígenas como uma "desvantajosa mutilação de seu território". "Índio não atrapalha o desenvolvimento", defendeu Britto.

Repercussão

O grupo ligado aos arrozeiros comemorou com fogos de artifício a suspensão do julgamento, e vibrou aos gritos de "viva a pátria", "viva o Brasil" e "é campeão".

"Estamos comemorando o pedido de vista porque com isso a gente ganha tempo para argumentar e garantir que os outros ministros votem conosco. Agora sabemos os pontos em que ele [ministro Carlos Ayres Britto, relator da ação] se baseou e podemos argumentar em cima deles para convencer os outros ministros", afirmou o produtor de arroz e secretário de saúde de Pacaraima, Júlio Jordão.

A Polícia Federal montou uma pequena barreira para separar os dois grupos que ocupam a única rua da Vila Surumu. De um lado, índios favoráveis à permanência dos arrozeiros. Do outro, o grupo favorável à demarcação contínua da área.

O tuxaua Martinho Souza disse que não ficou decepcionado com a suspensão do julgamento porque isso não representa nenhuma decisão sobre o futuro da região. "Vamos continuar acompanhando e vamos esperar a decisão final. Estamos aqui há 37 anos. E 30 anos não são três dias. Não vamos diminuir a mobilização."

O coordenador regional do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Walter de Oliveira, afirmou que não aceitará provocações do grupo ligado aos arrozeiros e orientará os cerca de 700 índios que vieram acompanhar o julgamento a agir pacificamente.

Questão ideológica

O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), disse que o ministro Carlos Ayres Britto, relator da ação, ultrapassou em seu voto o lado jurídico, pendendo para uma questão ideológica.

"Ele foi muito rígido nas suas colocações ultrapassando o lado jurídico, parecia uma questão quem sabe ideológica. Mas respeito. O julgamento apenas começou, são 11 magistrados e nós tivemos apenas um voto", afirmou o governador.

O governador disse, no entanto, que se a posição de Britto for seguida pela maioria dos demais ministros, os arrozeiros deixarão a região de forma pacífica.

O prefeito de Pacaraima (RR) e arrozeiro César Quartiero (DEM) afirmou que os produtores aguardam o resultado do julgamento, mas deixarão a reserva caso seja essa a determinação do tribunal. "Já disse 500 vezes isso, caso o Supremo mande, nós temos que sair, somos obrigados à cumprir a lei", afirmou.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que o voto do relator surpreendeu os contrários à demarcação contínua da reserva. Ele disse que o Estado perderá muito caso o voto de Britto seja seguido.

"O que nós vimos e que só uma etnia estava representada e a realidade não é essa. Ainda tenho certeza de que nós podemos fazer uma demarcação que possa representar a maioria das etnias", declarou.

(Agência Folha, Folha Online, 27/08/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -