A Aracruz Celulose quer, mesmo, construir sua quarta fábrica no Espírito Santo. A usina, que a empresa chama de fábrica D, exigirá o plantio de mais 100 mil hectares de eucalipto no Estado. A informação sobre interesse da empresa, já divulgada em Século Diário, foi confirmada pelo presidente Carlos Aguiar em A Gazeta.
“Além do investimento no Sul, Aguiar acenou a construção de uma nova fábrica da Aracruz no Espírito Santo. Seria a fábrica D, que ocuparia 100 mil dos 600 mil hectares de terras degradadas que o Estado possui. O investimento seria realizado nos próximos sete ou oito anos”, diz A Gazeta. O jornal nunca faz críticas à empresa, sua grande anunciante.
No Espírito Santo, a Aracruz Celulose concluiu no ano passado a ampliação da produção de suas fábricas em Barra do Riacho, no município de Aracruz, norte do Estado. A capacidade de produção da transnacional nas fábricas A, B e C passou para 2,33 milhões de toneladas anuais, um aumento de 9%.
Com a fábrica D, a Aracruz Celulose está prevendo produzir na área mais 1,3 milhão de toneladas de celulose anualmente. Anuncia que a quarta fábrica entra em operação em 2015.
A empresa tem a maior parte dos cerca de 300 mil hectares plantados com eucalipto no Espírito Santo. Os plantios contribuem para o acelerado processo de desertificação na região norte e mais recentemente em todo o Estado.
A Aracruz Celulose destruiu aproximadamente 50 mil hectares de mata atlântica somente no Espírito Santo, secou córregos e riachos como plantios, e envenena com agrotóxicos o solo e a água, matando a fauna e flora. Os venenos também contaminam e mata gente.
Nesta quarta-feira (27), a Aracruz Celulose fez o lançamento da sua nova fábrica em Guaíba, no Rio Grande do Sul. A nova usina produzirá 1,3 milhão de toneladas por ano e será um dos maiores em linha única do mundo. Entra em operação no segundo semestre de 2010. Diz ainda a empresa que a operação será totalmente integrada à já existente e totalizará 1,8 milhão de toneladas anuais.
Tanto a governadora gaúcha Yeda Crusius, quanto o governador capixaba Paulo Hartung, criam todas as facilidades para a Aracruz Celulose. Nos dois estados as licenças ambientais para a empresa desconsideram os danos ambientais e sociais dos plantios monoculturais e das fábricas.
Além dos impactos dos plantios de eucalipto para a nova fábrica da Aracruz Celulose no Espírito Santo, os capixabas também serão afetados pelas três fábricas que a empresa vai construir em Minas Gerais. Essas, com favores do governador mineiro Aécio Neves. A empresa também vai ampliar a Veracel, com apoio do governador baiano Jaques Wagner.
Além de secar toda a bacia do Rio Doce, já extremamente reduzida, pois sua vegetação nativa foi destruída, as fábricas transformarão a calha do rio em um gigantesco esgoto.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 28/08/2008)