A divisão na Raposa/ Serra do Sol não se dá apenas entre defensores do posicionamento de índios e de fazendeiros em relação à demarcação, mas também entre católicos e evangélicos.
Os católicos são representados pelo CIR (Conselho Indígena de Roraima). Em recente viagem à Europa, índios da organização foram recebidos pelo papa Bento 16, que declarou apoio à causa em Roraima.
Já os evangélicos, ligados ao Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima) e aos rizicultores, defendem a presença dos não-índios no local em prol do desenvolvimento econômico da região.
"A Igreja Católica incentivam os índios a roubar", dispara o pastor Cícero, chefe da Assembléia de Deus. Há quatro anos na reserva Raposa/ Serra do Sol, o pastor afirma que a cultura dos povos indígenas não os levam a Deus. "Pelo contrário, eles se afastam com bruxaria e feitiçaria", disse ele.
Do lado dos índios que lutam pela demarcação contínua, o catolicismo é bom porque "respeita a tradição e a cultura indígenas", como diz o macuxi Cristovão Galvão, 41, cacique da Comunidade do Barro e um dos catequistas da região.
(Lucas Ferraz, Folha de São Paulo, 28/08/2008)