A negociação de um novo acordo para prevenir o aquecimento global avançou, segundo o secretário-executivo das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o tema, Yvo de Boer. "O processo se acelerou e os governos estão se tornando mais sérios para negociar um resultado", disse. As declarações otimistas contrastam com ocasiões anteriores, quando De Boer condenou delegados por sua postura e pelos atrasos nas discussões sobre o tema. O funcionário da ONU falou hoje para destacar o fim de uma semana de encontros em Acra, Gana, na última rodada de discussões para antecipar um acordo que deve ser assinado em dezembro de 2009.
Os ambientalistas também concordaram que houve progressos, porém ainda acham lento o ritmo das conversas. "Acra mostra que é possível superar a confusão de visões conflitantes e chegar a um acordo efetivo para combater as mudanças climáticas", avaliou a organização não-governamental WWF, em comunicado. Os delegados encontraram algumas soluções para ajudar os países em desenvolvimento a limitar suas emissões, além de estratégias para compensar as nações mais pobres, especialmente na África.
No ano passado, um painel de cientistas promovido pela ONU apontou que as mudanças climáticas já estão ocorrendo. Além disso, os especialistas prevêem efeitos catastróficos, caso a emissão de gases causadores do efeito estufa não seja controlada em 10 ou 15 anos e, depois disso, se reduza consideravelmente. O encontro em Acra foi o terceiro do ano sobre o tema. A intenção é chegar a um acordo que substituía o Protocolo de Kyoto, de 1997, que regula as emissões de 37 países industrializados.
Os Estados Unidos rejeitam o acordo de Kyoto, argumentando que ele prejudicaria a economia norte-americana e que o texto não prevê metas para os países emergentes. Em Acra foi discutido um compromisso segundo o qual seriam estabelecidas metas por setores da economia. Porém os países em desenvolvimento ainda não estariam sujeitos a punições, caso não cumpram suas metas. Em outro ponto em que houve avanços, os delegados concordaram que os países devem ser compensados por manter florestas. A próxima rodada de negociações ocorre em Poznan, na Polônia, em dezembro.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 28/08/2008)