Uma reportagem publicada na edição desta quinta-feira do jornal americano "The New York Times" afirma que Brasil e Argentina estão reagindo de formas opostas à crise da alta dos alimentos. Enquanto o Brasil está incentivando seus produtores rurais a aumentarem as colheitas, aproveitando a alta do preço no mercado internacional, a Argentina elevou tarifas de exportação para garantir o abastecimento doméstico.
"Preços crescentes de alimentos significam que muitos fazendeiros pelo mundo estão colhendo lucros recordes", diz a reportagem assinada pelo correspondente do jornal em São Paulo Andrew Downie. "Na corrida para tirar proveito do difícil mercado global de alimentos, o Brasil tem uma série de vantagens sobre o seu vizinho do sul."
Entre as vantagens, o jornal destaca que o Brasil tem mais que o dobro de terras cultiváveis do que a Argentina, uma pauta de exportação mais diversificada e lidera em mais itens de exportação. "O governo de Brasília quer continuar assim", afirma a reportagem, citando o crédito de US$ 49 bilhões para fazendeiros --um aumento de 12% em relação ao ano passado.
Na Argentina, o governo Kirchner tentou aumentar impostos sobre exportações de grãos e soja. "A decisão tinha como intenção forçar os fazendeiros argentinos a venderem sua produção em casa, criando assim um excesso de oferta doméstica que manteria preços baixos e a inflação sob controle."
O jornal afirma que a decisão argentina gerou protestos em vez de vantagens no país, com fazendeiros conduzindo demonstrações e bloqueios em estradas. Por fim, a medida acabou derrubada no Senado em julho. A reportagem conclui que mesmo com as reações diferentes de Brasil e Argentina à crise, "analistas acreditam que ambos países vão eventualmente se beneficiar do aumento dos preços globais dos alimentos".
(BBC Brasil, Folha Online, 28/08/2008)