Os vírus presentes no fundo dos oceanos desempenham um papel fundamental, até agora desconhecido, no ciclo do carbono, segundo um artigo publicado na quarta-feira (27) pela revista científica britânica "Nature". Os sedimentos encontrados no fundo dos oceanos contêm grandes reservas de carbono em forma de biomassa microbiana, mas a ciência não era capaz de explicar a dinâmica destes ecossistemas.
Agora, pesquisadores da Università delle Marche (Itália) descobriram que os vírus desempenham um papel importante nos ciclos biogeoquímicos e no metabolismo das profundezas dos oceanos. Os vírus, que são os organismos encontrados em maior quantidade nestas massas marinhas, infectam e matam as células procariotas heterótrofas, aquelas que se nutrem de outros seres vivos porque não elaboram sua própria matéria orgânica.
A ação viral no fundo do mar é extremamente alta, já que as infecções por vírus são responsáveis pela redução de 80% da produção procariota heterótrofa. Esta mortalidade procariota aumenta com a profundidade, e além dos mil metros quase toda sua produção se transforma em detrito orgânico.
A cada ano, a infecção e morte desses microorganismos libera entre 370 bilhões e 630 bilhões de toneladas de carbono à cadeia alimentícia. Nas áreas mais profundas do oceano, onde a comida é pouca, este detrito contribui para o fluxo de energia e de nutrientes dos seres vivos.
Os cientistas explicam que, levando em conta que os ecossistemas marítimos cobrem cerca de 65% da superfície terrestre, este processo tem grandes implicações na produção de biomassa e nos ciclos químicos em escala global. A equipe de pesquisadores pede, portanto, uma valorização dos ciclos do carbono, nitrogênio e fósforo, além dos fluxos de nutrientes na cadeia alimentícia.
(Efe, Folha Online, 27/08/2008)