Índios da etnia guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul enviaram nesta terça-feira uma carta de apoio aos "parentes" da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, cuja homologação contínua da área será definida amanhã pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O julgamento deve durar pelo menos dois dias. Os ministros vão decidir sobre os questionamentos feitos por produtores de arroz e agricultores que vivem na reserva e defendem a criação de espécie de "ilhas" para os índios.
Na carta, os guarani-kaiowá ressaltam que, apesar dos 3.000 quilômetros que separam as aldeias, "mais de cinco séculos de resistência nos unem". "Se fronteiras e violências dividiram nossos povos, sentimentos de pertença a uma nova pátria foram nos aproximando", diz o documento, chamado "Unidos pelo sofrimento, luta e esperança".
Os guarani-kaiowá ressaltam na carta que durante mais de 30 anos os índios da reserva Raposa/Serra do Sol lutam para ter suas terras de volta. E, segundo eles, no mesmo período mataram seus líderes e tomaram quase a totalidade de suas terras.
"Mas agora também começamos a ver a possibilidade de ter parte de nossos tekoha, terras tradicionais, de volta. Mataram muitos dos nossos parentes. Mas nasceram muito mais. Hoje somos mais de 40 mil guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul", diz a carta.
Os guarani-kaiowá também defendem apoio mútuo das tribos na luta pela terra. "Queremos estar com vocês nesse dia de uma decisão importante sobre vossa terra Raposa/Serra do Sol. Esperamos que finalmente a vossa terra seja livre e possam viver nela na paz, solidariedade e alegria. Temos a certeza de que também podemos contar com o apoio de vocês na luta por nossa terra, vida com dignidade".
(Folha Online, 27/08/2008)