Governos gastam cerca de US$ 300 bilhões (R$ 492 bilhões) por ano para manter o preço dos combustíveis baixo ou para ajudar os produtores, dinheiro que muitas vezes é desperdiçado e deixa de ajudar os mais pobres, disse o Programa Ambiental da ONU (Pnuma) nesta terça-feira (26).
A energia barata encoraja um maior consumo e desencoraja a eficiência. Ela também atrasa o processo de transição para fontes de energia "limpa", disse o relatório do Pnuma. Cortar os subsídios energéticos seria bom para o clima e reduziria as emissões de carbono em cerca de 6%, disse Kaveh Zahedi, coordenador de mudança climática do Pnuma.
"Essa é claramente uma área que precisamos reexaminar em nossa luta contra a mudança climática", disse Zahedi durante a conferência preparatória para o COP 14, que tem a participação de 160 países em Gana. Os subsídios "nem sempre ajudam os pobres que mais precisam", e muita vezes beneficiam mais os mais ricos, disse Zahedi. "Alguns países gastam mais em subsídios de petróleo que em saúde e educação combinados."
O baixo custo da eletricidade não beneficia aqueles que não têm fornecimento de energia elétrica, e famílias pobres consomem uma quantidade pequena de petróleo, disse. O país que mais gasta com esse tipo de subsídio é a Rússia, seguida pelo Irã e pela Arábia Saudita.
Alguns países africanos são conhecidos por gastar todo o dinheiro que recebem de ajudas externas para tentar baixar o preço do petróleo. Essa medida pode ser politicamente popular, mas é também bastante nociva. "Na análise final muitos subsídios para combustíveis são introduzidos por razões políticas, mas simplesmente perpetuam as ineficiências da economia global", disse Achim Steiner, diretor do Pnuma.
O relatório disse que o dinheiro poderia ser usado para programas de ajuda a famílias de baixa renda ou mais diretamente orientado para promover energia verde. A reunião de 1.600 delegados e especialistas de 160 países é a terceira conferência esse ano a trabalhar para um novo acordo sobre a mudança climática para substituir o Protocolo de Kyoto de 1997, que expira em 2012, que deve ser adotado em dezembro do ano que vem, em Copenhague.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 27/08/2008)