(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
passivos da energia eólica
2008-08-27

Os morcegos têm motivos para temer as turbinas eólicas. Um estudo científico mostra que o movimento das pás causa uma diminuição da pressão atmosférica, fazendo rebentar os vasos sanguíneos dos pulmões destes mamíferos.

Desde que os postes para gerar energia eólica começaram a ser instalados por todo o mundo, começaram a aparecer cadáveres de morcegos à volta das turbinas. O pormenor estranho era a ausência de feridas ou hematomas externos em muitos indivíduos, que tornava inexplicável a razão da morte dos mamíferos. No caso das aves, os cadáveres aparecem com feridas e hematomas, indicando um choque contra as pás.

Ultimamente, a proporção entre morcegos e aves mortas tem-se tornado mais preocupante. Há locais em que o número de cadáveres dos mamíferos é quatro vezes maior do que o das aves, o que é estranho tendo em conta que o sonar detecta melhor objectos em movimento do que parados.

Erin Baerwald, da Universidade do Calgary, Canadá, investigou a questão no campo eólico em Alberta. “Enquanto apanhávamos carcaças, reparei que um grande número não parecia ter feridas externas”, explicou.

Dos 75 morcegos que dissecou, 69 apresentavam hemorragias internas. “Uma descida na pressão atmosférica ao redor das pás das turbinas é uma ameaça indetectável, e explica o grande número de fatalidades de morcegos”, diz a cientista. A velocidade com que as pás giram faz com que a pressão atmosférica desça. Quando os morcegos se aproximam demais das turbinas, esta diferença de pressão faz rebentar os vasos sanguíneos dos pulmões. Chama-se a esta condição barotrauma.

O artigo de Erin Baerwald é publicado hoje na revista científica Current Biology . O estudo mostra que 90 por cento das fatalidades envolveram hemorragia interna e só metade dos morcegos é que tocaram nas pás. A hemorragia não acontece nas aves porque a estrutura pulmonar é diferente e mais resistente.

Os investigadores portugueses também já detectaram este fenómeno. Uma das primeiras barreiras para se entender a verdadeira proporção do problema é a quantificação. “Os corpos são rapidamente apanhados pelos predadores e é geralmente difícil encontrar os cadáveres dos morcegos”, explica ao PÚBLICO Jorge Palmeirim, biólogo e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Muitas espécies de morcegos portugueses estão bem monitorizadas, principalmente as cavernícolas (as que vivem em grutas). Mas existem outras espécies que não existem dados populacionais nem se conhece a ecologia, o que impossibilita saber o efeito que esta pressão tem. “Estamos a falar de mais um factor de mortalidade que afecta espécies que já por si estavam ameaçadas”, explica o perito em morcegos.

A diminuição de insectos (o alimento dos morcegos), os atropelamentos, as sebes com arame farpado são factores que pressionam estes mamíferos, cuja ecologia não prevê este tipo de pressão. Por ano, os morcegos têm uma cria, o que não chega para responder às altas taxas de mortalidade.

Já existem propostas para lutar contra o problema. Parar as turbinas durante os meses em que os morcegos migram é uma das ideias. “Devia haver capacidade para controlar a actividade das turbinas”, diz Jorge Palmeirim. O biólogo sugere a paragem das turbinas durante as alturas em que existe menos vento, que é quando os morcegos estão mais activos nessas zonas.

(Por Nicolau Ferreira, Ecosfera, 26/08/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -