Uma análise de produtos utilizados na medicina aiurvédica – baseada em um sistema tradicional da Índia –, vendidos pela internet, verificou que um quinto dos medicamentos contém níveis elevados de chumbo, mercúrio e arsênico.
Segundo a pesquisa, feita nos Estados Unidos, que será publicada na edição de 27 de agosto do Journal of the American Medical Association (Jama), os níveis desses metais excedem os padrões aceitáveis e podem provocar intoxicação.
Remédios à base de plantas da medicina aiurvédica são extremamente populares não apenas na Índia, mas em diversas partes do Sudeste Asiático e em outras regiões e países. “Entretanto, desde 1978 mais de 80 casos de envenenamento apenas por chumbo foram associados com tais medicamentos”, destacaram os autores do estudo.
Os remédios são divididos em dois tipos principais: apenas herbais e “rasa shastra”, uma prática milenar de combinar ervas com metais, minerais ou até mesmo pedras preciosas.
Robert Saper, da Escola de Medicina da Universidade de Boston, e colegas conduziram o estudo com produtos vendidos nos Estados Unidos e fabricados tanto no país como na Índia. De 673 produtos identificados à venda na internet, foram escolhidos 230 para análises, que começaram a ser feitas em outubro de 2005.
Concentração de metais foram medidas por meio de espectroscopia de fluorescência de raio X. Os cientistas verificaram prevalência de metais em 20,7% dos produtos, sendo 21,7% nos fabricados nos Estados Unidos e 19,5% nos feitos na Índia.
Dos produtos, 95% eram vendidos por sites norte-americanos, que propagavam “boas práticas de manufatura”. Os medicamentos “rasa shastra” mostram propensão mais de duas vezes maior de conter altas concentrações do que os apenas herbais.
“Alguns dos produtos podem resultar em ingestão de mercúrio e de chumbo de 100 a 10 mil vezes maior do que os limites aceitáveis”, afirmaram os pesquisadores.
Os autores sugerem que as regulações da Food and Drug Administration (FDA) para tais produtos sejam revistas de modo a especificar com mais exatidão os riscos e dosagens máximas para cada um.
“Remédios que são usados para tratar um problema não podem causar outro por conta da presença de materiais tóxicos”, disse Venkatesh Thuppil, diretor do Centro de Referência Nacional para Envenenamento por Chumbo e professor da Faculdade de Medicina St. John’s, na Índia, um dos autores do estudo.
Mais informações, veja na Jama.
(Agência Fapesp, 26/08/2008)