O governo federal vem apostando no combustível nuclear para a produção de energia elétrica. Nesse sentido, assinou com o governo da Argentina parceria para a construção de empresa binacional que vai produzir combustível nuclear.
Para a coordenadora da Campanha de Energia da organização não-governamental Greenpeace, Rebeca Lerer, é um erro investir dinheiro público em uma tecnologia tão perigosa como a nuclear. Além disso, avalia que o Brasil é abundante em outros recursos como a biomassa, vento e sol, que são renováveis.
“Nós consideramos que essa é a forma mais cara, perigosa e poluente de se gerar energia. A sua produção gera o rejeito radioativo e nenhum país do mundo conseguiu até hoje uma solução técnica definitiva para o lixo atômico que sai dos reatores nucleares”, diz.
Segundo Rebeca, o dinheiro usado para construir usinas nucleares seria melhor empregado em programas de racionalização do uso da energia. Com isso, seria economizada quatro vezes a potencia de Angra 3. “Com os 8 bilhões de reais que o governo Lula pretende gastar em Angra 3, seria possível construir um parque de turbinas eólicas a partir da energia dos ventos com o dobro da capacidade e metade do tempo sem o passivo dos rejeitos radioativos”, diz.
A usina Angra 1 está em funcionamento desde 1985. Angra 2 foi criada em 2000. Ambas são responsáveis por 40% do abastecimento do Rio de Janeiro. No entanto, Rebeca reclama que são divulgados poucos dados sobre o setor no Brasil. Um exemplo são os vazamentos ocorridos nas piscinas que fazem o processamento de urânio, na Bahia, onde ele é extraído.
Segundo o governo, entre 12 e 15 centrais nucleares estarão em operação na América do Sul até 2030. Seis destas serão no Brasil e Angra 3 pode entrar em operação até 2014, quando o país prevê que será auto-suficiente na produção de combustível nuclear.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 26/08/2008)