Teste mostra que serviço não funciona para todos os bairros, como estipula contrato com a PRT
Secretaria de Proteção Ambiental admite que também não cumpre com o seu papel no serviço
Oferecer a coleta seletiva de lixo para toda a população de Santa Maria é um desafio que a prefeitura parece estar longe de alcançar. Segundo a Secretaria de Proteção Ambiental, o novo contrato firmado com a PRT diz que, a partir de julho deste ano, a empresa deve disponibilizar o serviço para todos os bairros pelo menos uma vez por semana. Tudo na teoria. Na prática, participar desse tipo de recolhimento é uma tentativa frustrada.
Foi o que provou um teste feito por cinco jornalistas do Diário que moram em diferentes bairros e tentaram participar do recolhimento como usuários, ou seja, não se identificaram como repórteres e editores. Eles têm intenção de fazer parte do projeto e aproveitaram para testar o serviço. O resultado é prova da ineficiência: em nenhum dos casos, o lixo foi recolhido (veja quadro ao lado).
Depois do teste, fica mais fácil entender por que o caminhão da coleta chega com uma quantidade de material reciclável considerada insuficiente pelos catadores das seis associações cadastradas na prefeitura.
- Se fosse para sobreviver desse material que nos trazem, morreríamos de fome. A gente continua recolhendo na rua também - lamenta a presidenta da Associação de Reciclagem Seletiva de Lixo Esperança (Arsele), Terezinha de Jesus Ayres Domingues.
Em 2004, quando a coleta seletiva começou em Santa Maria, cerca de 400 pessoas participavam. Atualmente, a prefeitura não sabe informar quantas estão inscritos.
A resposta - O secretário de Proteção Ambiental, Carlos Rempel, admitiu que a coleta seletiva ainda não funciona como deveria e que a prefeitura também é responsável por isso. Segundo ele, a intenção é fazer melhorias e adaptações no recolhimento até o fim de outubro, quando também devem entrar em funcionamento os contêineres para colocação do lixo no Centro. O objetivo é colocar os coletores para lixo reciclável em pontos fixos, onde os moradores possam deixar seu lixo.
O engenheiro florestal da secretaria responsável por fiscalizar o contrato da prefeitura com a PRT, Luiz Geraldo Cervi, disse que a própria prefeitura ainda não se adaptou ao contrato. Por isso, não seria possível responsabilizar a PRT pelo não-funcionamento da coleta. Se, depois das adaptações, o contrato não for cumprido, a empresa pode ser multada. Entre elas, está o cadastramento dos usuários.
Para o gerente operacional da PRT, Marcello Mello Buzzetto, a coleta seletiva não é foi vista como empecilho:
- A prefeitura faz o cadastro dos usuários, e a gente vai no endereço e coleta. Sem nenhum problema. O que está faltando é nos comunicarmos.
(Por Bianca Backes, Diário de Santa Maria, 26/08/2008)