Para esfriar o clima entre ambientalistas e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em relação à política do governo Lula para a Amazônia, foram necessárias três horas de conversa em Brasília e a instalação de um grupo de trabalho para discutir o fim do desmatamento na região. Minc e representantes de diversas ONGs se reuniram na segunda-feira (25/08), no gabinete do ministro, para superar as divergências e colocar alguns pingos nos 'is'.
Depois de alguns controversos anúncios feitos por Minc, como o acordo com seu colega Reinhold Stephanes (Agricultura) que permite a recuperação da reserva legal com o plantio de espécies exóticas ou a defesa de ajustes no decreto nº 6.514/08, que regulamentou a Lei de Crimes Ambientais, o descontentamento com o ministro do Meio Ambiente era geral e irrestrito.
Para ambientalistas, a proteção da Amazônia está descendo a ladeira a toda velocidade, com a transformação de uma desejada política de proteção ambiental em um mero mercado de compensação. "Minc precisa parar de trabalhar apenas com acordos setoriais isolados e convocar um amplo debate para zerar de vez o desmatamento na Amazônia", disse Sérgio Leitão, que participou do encontro com o ministro em Brasília.
Na reunião, foi proposta a criação de um grupo de trabalho com a frente parlamentar ambientalista, a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), a bancada ruralista e ONGs ambientalistas para discutir o fim do desmatamento, conforme previsto no Pacto Nacional pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento Zero lançado em outubro de 2007 por diversas ONGs.
"O que não dá é ficar com a impressão de que toda hora se flexibiliza a lei para diminuir a proteção ambiental", afirmou Leitão. "A reunião se provará positiva se conseguirmos que o ministro Minc saia da esfera do discurso para a implementação de ações concretas em defesa da Amazônia e demais florestas brasileiras."
Além do Greenpeace, participaram da reunião as ONGs TNC, WWF Brasil, Amigos da Terra, Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam), Instituto Socioambiental (ISA), Conservação Internacional, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e Rede de Ongs da Mata Atlântica.
(Greenpeace, 25/08/2008)