O governo federal estuda intervir na produção de adubos para adequar o preço à realidade brasileira. Esta foi uma das informações do diretor-geral adjunto do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), João César de Freitas Pinheiro, durante a audiência pública da CPI dos Adubos na tarde desta segunda-feira (25/08) na Assembléia Legislativa. A pedido do deputado Ivar Pavan (PT) representantes da Petrobras também falaram da atuação da estatal neste segmento.
O dirigente da DNPM, órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, destacou que observa as movimentações do governo federal para agir mais incisivamente no setor. “É uma questão central, porque estamos tratando de segurança alimentar, mais comida aos brasileiros, além do aumento da fronteira agrícola”, frisou. Pinheiro também falou das jazidas de fósforo e potássio e da dependência destes produtos de outros países, determinando os preços no mercado interno.
Dependência de fósforo e potássio
O geólogo informou que o Brasil detém apenas 0,6% das reservas mundiais de fósforo, com 317 milhões de toneladas. As maiores reservas estão no Marrocos, China e EUA. No potássio, o país gera apenas 2% do consumo nacional e tem uma demanda de seis milhões de tonelada ao ano; 78% da produção está concentrada em quatro países. Nos dois produtos, há grande consumo e produção estagnada.
Declarou que a Agência Nacional de Produção Mineral (ANPM) está a campo para cobrar da iniciativa privada o investimento em pesquisa, que está defasada e inconsistente em fosfato. Disse que as áreas concedidas estão sendo fiscalizadas e que só em 2007, 1200 áreas foram novamente colocadas para exploração porque não cumpriam as exigências.
“A privatização foi feita de forma incorreta. A cultura neoliberal foi um período muito duro e o Brasil deveria ter pensado muito naquele momento, e fazer as coisas aqui com cuidado. Não houve planejamento e estamos apagando fogueira”, declarou.
Petrobras estuda o segmento
O gerente de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras, Fernando Martinez, declarou que a estatal está estudando a atuação mais intensa na produção de componentes dos adubos. “A questão está sendo discutida e ainda não se tem o retrato do futuro para tomar esta decisão. Precisamos esperar este balanço da oferta e demanda. Há muita coisa nova sendo discutida e estamos pesquisando. Por exemplo, ainda não conseguimos gás para ampliar a fábrica de nitrogenados”, esclareceu. A CPI também ouviu a gerente-geral de Marketing da Petrobras, Luciene Carneiro, e o gerente de relacionamento externo, Luiz Antonio Sobrinho.
Muitas perguntas relativas à atuação mais ativa da Petrobras em componentes de insumos agrícolas não puderam ser respondidas porque os representantes da estatal tinham conhecimento dos insumos nitrogenados e não dos minerais. Algumas questões serão encaminhadas por escrito para que a empresa possa precisar as respostas.
Pavan declarou aos convidados que não está convencido da necessidade do aumento para os valores exorbitantes dos adubos que subiram mais de 100% de uma safra para outra sem justificativas convincentes para isto. “Parece mais oportunidade dos produtores da matéria-prima pela elevação dos produtos agrícolas. No rastro, os adubos acabam ficando com a renda da produção”, resumiu.
(Por Stela Pastore, Agência de Notícias AL-RS, 25/08/2008)