A Coréia do Norte anunciou nesta terça-feira, 26, que interrompeu o processo de desnuclearização e considera retomar seu programa nuclear. O governo afirma que a decisão foi tomada após os Estados Unidos manterem o país na lista de nações promotoras do terrorismo. O comunicado norte-coreano marca o surgimento do maior obstáculo da desnuclearização do país e deve aumentar a tensão nas conversas sobre o programa nuclear que envolvem a China, o Japão, as duas Coréias, os EUA e a Rússia.
O Ministério de Relações Exteriores de Pyongyang disse que suspendeu o desmantelamento do reator do complexo de Yongbyon e de outras instalações nucleares no dia 14 de agosto, porque os Estados Unidos não cumpriram a promessa de retirar a Coréia do Norte da lista de países terroristas, como foi acertado no acordo do ano passado. Os países envolvidos foram notificados da suspensão, afirma declaração divulgada pela agência estatal norte-coreana.
O Ministério disse ser obrigado a tomar tal decisão "como represália a quebra dos Estados Unidos do acordo firmado". O comunicado diz ainda que o país "poderá restabelecer as atividades de Yongbyon", mas sem informar uma data. A remoção do país da lista de terrorismo é uma das principais concessões oferecidas para a Coréia do Norte em troca de fechar e desativar o reator. O acordo foi firmado pelas seis nações no ano passado.
Os Estados Unidos anunciaram em junho que só retirariam a Coréia do Norte da lista após Pyongyang entregar a relação de todo seu arsenal nuclear. Os dois lados vêm negociando desde então como verificar a declaração nuclear, e Washington afirma que a remoção só acontecerá depois que Pyongyang concordar com um plano de verificação.
O comunicado norte-coreano aconteceu logo após o presidente da China Hu Jintao deixar a Coréia do Sul. O líder chinês se reuniu com o presidente Lee Myung-bak para tratar, entre outros assuntos, do processo de desnuclearização de Pyongyang.
(Associated Press, Estadão, 26/08/2008)