À medida que o clima do seu lugar de se vai alterando, fruto das alterações climáticas, as aves vão fazendo as malas e deslocando, muito lentamente, os seus lugares de nidificação mais para norte. Mas os movimentos não são rápidos o suficiente para acompanhar a velocidade das mudanças do clima, dizem cientistas do Museu Nacional de História Natural de Paris. As alterações climáticas têm 182 quilómetros de avanço, relata a BBC Online.
Estas conclusões surgem após prolongadas observações realizadas por voluntários que observaram 105 espécies de aves em França, privilegiando as mais raras, dizem os cientistas na revista científica “Proceedings B”, da Royal Society britânica. Concluíram que, para garantir uma casa com a mesma temperatura a que estavam habituadas, as aves terão ainda de se deslocar mais 182 quilómetros para norte.
As espécies mais afectadas serão as que necessitam de condições de alimentação mais específicas. “A flora e fauna à nossa volta muda constantemente devido às alterações climáticas”, disse Vincent Devictor, coordenador da investigação.
Mas a mais do que o atraso das deslocações das aves em relação ao avanço do aumento das temperaturas, é aquilo a que a equipa chama dessincronização. “Se as aves e os insectos de que se alimentam não pensarem da mesma maneira temos aqui um desfasamento na interacção entre espécies”, disse Devictor à AFP. Na pior das hipóteses essa falta de sincronia pode levar à extinção das espécies.
A equipa lembra ainda que várias espécies, como o tentilhão, alteram os seus hábitos, como a postura dos ovos ou a altura da nidificação, para acompanhar a variação de temperatura. De acordo com a equipa, esta questão precisa de ser aprofundada com vista a traçar estratégias de conservação eficazes.
(Ecosfera, 24/08/2008)