Metodologias apresentadas podem ser aplicadas nos inventários de instituições públicas e privadas. Empresas privadas, prefeituras, órgãos de governo e demais instituições conheceram as ferramentas necessárias para elaborarem seus inventários de emissões de gases de efeito estufa durante o encontro técnico “Metodologias de inventário de gases de efeito estufa para organizações públicas e empresas: transparência na prestação de contas sobre gestão de emissões”, realizado no último 21.08, na sede da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA.
O encontro foi dividido em dois painéis, sendo o primeiro sobre os inventários corporativos e institucionais e o segundo sobre os inventários de emissões de governos. Os 350 participantes conheceram as metodologias do Greenhouse Gas Protocol – GHG Protocol, que pode ser aplicado a qualquer organização, pública e privada, porque vai de acordo com as características de cada instituição, e da rede de Governos Locais pela Sustentabilidade – ICLEI, que é focada para a elaboração de inventários de emissões de governos locais. Os palestrantes dos painéis responderam às perguntas do público presente e participaram de debates, coordenados por Josilene Ferrer e Oswaldo Lucon, da CETESB.
Rachel Biderman, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas – Gvces/FGV, afirmou que apesar de não ser obrigatório no Brasil, o inventário é necessário para que as instituições conheçam o perfil de suas emissões e possam direcionar suas atitudes. “Acreditamos que o inventário de emissões será obrigatório em breve e quem elabora-lo agora será mais competitivo no futuro”, antecipa. A metodologia está disponível paraa todos, de forma gratuita, no site www.ghgprotocol.org.
Para Stephen Russel, do World Resources Institute – WRI, a pegada corporativa nada mais é do que uma lista que identifica as emissões e fontes de gases de efeito estufa de uma instituição. “Com a pegada corporativa é possível traçar e alcançar metas de responsabilidade socioambiental”, explica. Russel esclareceu que as informações a respeito da produção e transporte de insumos e no varejo, consumo e descarte de produtos devem entrar na relação das emissões.
De acordo com Laura Valente de Macedo, do ICLEI, as metas e os cálculos são ferramentas de gestão, o importante é como usá-los. “Não importa se as metodologias são diferentes, na verdade, todas elas são esforços para promover ações”, declarou. Para Laura, as pessoas precisam refletir em como o estilo de vida de cada um afeta o ambiente global. “O grande esforço é criar massa crítica para o envolvimento da sociedade na redução da pegada corporativa nas cidades”, enfatizou.
João Wagner Silva Alves, gerente da Divisão de Questões Globais da CETESB, afirmou que até 2009 o Brasil terá um novo inventário nacional de emissões e adiantou que é preciso encontrar uma ferramenta para elaborar o inventário estadual. “A ferramenta de elaboração do inventário é importante para que o gestor saiba onde estão suas prioridades”. João também esclareceu que não se deve confundir gases de efeito estufa com poluentes convencionais. “Quanto mais dados e fatores de emissão, melhor será a qualidade das informações, com menos incertezas”, pontuou.
Giovanni Barontini, da Fábrica Ethica, apresentou o Carbon Disclosure Project – CDP, iniciativa mundial que reúne mais de 385 investidores, sendo 41 brasileiros, que administram 57 trilhões de dólares em ativos financeiros. O CDP, Relatório de Informações sobre Carbono, na sigla em inglês, foi idealizado como um mecanismo eficaz para permitir que as empresas e os investidores em todo o mundo tenham acesso a informações confiáveis a respeito do impacto provocado pelas Emissões de Gases de Efeito Estufa e pelas conseqüentes mudanças climáticas sobre os resultados das companhias. Para Giovanni, as respostas enviadas pelas empresas brasileiras em 2007 foram positivas. “Das 60 empresas que receberam o questionário, apenas três não responderam, isso foi sensacional”, vibrou.
De acordo com Fernando Rei, presidente da CETESB, o Estado de São Paulo vem fazendo o seu papel. “Ao ver esse auditório lotado, acredito que ainda exista uma lacuna na questão da capacitação e informação gratuita, mas esse será o primeiro de vários encontros”, disse. “O Estado de São Paulo e a CETESB estão comprometidos e agindo frente à essa questão”, enfatizou.
Para Ana Claudia Moreira Matos, administradora e aluna de MBA em gestão ambiental, o evento vem de encontro com os debates em sala de aula. “Esse assunto está na moda e eventos como este são ótimos porque fazem a ligação da teoria do curso com a realidade”, afirmou.
(Por Valéria Duarte,
Ascom Cetesb, 22/08/2008)