O Congresso do Peru aprovou a revogação de duas leis controvertidas que abriam áreas tribais na Amazônia para investimento privado, e que levaram a mais de uma semana de protestos de grupos indígenas. Por 66 votos a 29, foi rejeitada nesta sexta-feira uma legislação que havia sido aprovada por decreto pelo presidente peruano, Alan García.
O chefe de Estado qualificou estas como medidas como cruciais para a melhoria da vida dos peruanos nas regiões mais pobres do país, e disse em meados desta semana que revogá-las seria um "gravíssimo erro". Mas o líder de um dos principais grupos nativos do Peru, Alberto Pizango, elogiou a revogação das leis, dizendo que esta é uma nova alvorada para os povos indígenas do país.
As leis permitiam a venda das terras tribais a empresas de petróleo com a aprovação pela maioria simples da assembléia de uma comunidade em vez da aprovação por dois terços da assembléia, como era antes. Elas levaram milhares de indígenas amazônicos, portando arcos e flechas, a realizaram protestos nas principais estradas e em instalações de petróleo e gás em três zonas do país.
Os manifestantes, de 65 tribos, não deram mostras de que recuariam nem quando o governo peruano declarou estado de emergência. O protesto só foi suspenso quando uma comissão do Congresso aprovou a revogação, abrindo caminho para a votação em Plenário.
(BBC, 23/08/2008)