Biomonitoramento será realizado com mudas de araçazeiros em pontos com maior concentração de poluentes
Em 10 dias, araçazeiros estarão em 12 pontos estratégicos de Porto Alegre ajudando a controlar a poluição do ar. É o início do programa de biomonitoramento que usará mudas da fruta em escolas, hospitais e locais com maior concentração de poluentes.
Ainiciativa é resultado de um convênio de parceria assinado em março pela Secretaria do Meio Ambiente (Smam) da Capital e o Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O programa deverá se estender por 18 meses.
Em cada um dos 12 pontos serão colocados três pés de araçazeiros plantados em vasos e acondicionados sobre bandejas com água. Ao mesmo tempo, uma muda de igual tamanho ficará em uma estufa no Centro de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS, isolada da ação de poluentes. A cada três meses, os araçazeiros monitorados serão levados para laboratórios para avaliar o desenvolvimento das plantas em comparação à muda protegida.
Serão analisados crescimento, desfolhamentos, mudança de cor e manchas, além de alterações químicas, físicas e biológicas.
– Com os resultados, teremos condições de avaliar o efeito da poluição, se é elevada ou não – explica a engenheira química Maria Teresa Raya Rodriguez, professora do Centro de Biologia.
O araçazeiro é usado por ser uma espécie nativa e se mostrar um bom indicador em trabalhos anteriores, explica Maria Teresa. A idéia de colocar as plantas em escolas visa a desenvolver a educação ambiental entre os estudantes, segundo o engenheiro químico Fabiano Porto da Fontoura, da Smam.
Em setembro passado, uma pesquisa da Universidade de São Paulo apontou que o ar porto-alegrense concentra 22,25 microgramas de material particulado fino (mistura de poeiras e fumaça) por metro cúbico. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o indicador tolerável é de até 10 microgramas por metro cúbico. A exposição em longos períodos ao poluente pode causar doenças cardiovasculares e bronquites crônicas.
Conforme especialistas, o trânsito é o maior poluidor na área urbana da Capital. Estimativas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) apontam que metade dos veículos movidos a diesel fiscalizados poluam a atmosfera com emissão de gases expelidos pelo cano de descarga.
(Zero Hora, 22/08/2008)