As carvoarias do Mato Grosso do Sul desmatam cerca de 90 mil hectares por ano. A estimativa é do superintendente do Ibama no estado, David Lourenço. A área é equivalente a 375 vezes o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. É isso que as carvoarias derrubam para produzir cerca de 4,5 milhões de metros cúbicos por ano de carvão vegetal. Esse carvão é usado principalmente por siderúrgicas.
Esse desmatamento é especialmente preocupante porque atinge as cabeceiras dos rios que formam o Pantanal, um ecossistema frágil. “A produção de carvão ocorre através da exploração da floresta nativa da bacia do Pantanal”, diz Lourenço. “E isso é um problema sério, considerando que, conforme a ONU o Pantanal é patrimônio da humanidade e reserva da biosfera”, disse ao jornal eletrônico MidiamaxNews.
Boa parte desse desmatamento é ilegal. Segundo Lourenço, do Ibama, metade das carvoarias trabalha na informalidade completa. E mesmo algumas das que operam com documentação fornecem informações falsas aos órgãos de fiscalização. Nos últimos meses, a Polícia Militar Ambiental, do estado, fechou uma dezena de carvoarias irregulares. Mas elas abrem novos pontos de corte e queima. Mato Grosso do Sul é o maior produtor nacional de carvão vegetal para as siderúrgicas. Estima-se que a atividade movimenta o equivalente a R$ 500 milhões por ano.
Lourenço afirma que parte do setor está tentando reduzir seus impactos ambientais. “Estamos buscando fazer com que o setor carvoeiro acelere o processo de independência (do carvão de floresta nativa). Isso significa que, para cada hectare de árvores derrubadas, o produtor de carvão replante a mesma quantidade correspondente. Nessa reposição florestal, os agentes do setor de carvão preferem plantar eucalipto, que é mais vantajoso economicamente para eles.”
A foto acima foi feita no ano passado pelo casal de aviadores Gerard e Margi Moss no ano passado. Flagra uma linha de fornos de uma carvoaria nas margens do Pantanal.
(Alexandre Mansur,
blog do Planeta, 22/08/2008)