Más notícias para a biodiversidade brasileira. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quinta-feira (21/08), em Brasília, mais uma variedade transgênica de algodão no Brasil. Depois de liberar em 2005 o algodão Bt da Monsanto, agora a Comissão deu a permissão para o plantio e comercialização do algodão Liberty Link, da Bayer CropScience. Trata-se de uma variedade que é resistente ao glufosinato, herbicida que tem um histórico polêmico de contaminação do solo e com potenciais riscos à saúde humana.
A aprovação do algodão transgênico da Bayer contou com 18 votos de integrantes da CTNBio - três votaram contra e houve duas abstenções.
Ao explicar seu voto contrário à liberação, Paulo Kageyama, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba (SP) e representante do Ministério do Meio Ambiente na CTNBio, afirmou que o algodão transgênico da Bayer é uma grande ameaça a espécies e variedades silvestres em todos os seis biomas brasileiros.
"Ou seja, estamos colocando em risco toda a agrobiodiversidade do país, especialmente no semi-árido, área rica em variedades silvestres de algodão", afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil.
Paulo Barroso, especialista do Embrapa na área vegetal e representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, votou a favor do algodão transgênico alegando ter levado em conta "estudos independentes além dos apresentados pela empresa". Curiosamente, ignorou em sua pesquisa um dos mais significativos, o da European Food Safety Authority (EFSA), que aponta inúmeras evidências científicas dos riscos à saúde humana e ao meio ambiente relacionados ao uso de herbicidas à base de glufosinato - leia o relatório da EFSA.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão ligado ao Ministério da Saúde, já alertou para os riscos do glufosinato para a saúde humana quando a CTNBio aprovou o milho transgênico da Bayer (maio de 2007) que usa o mesmo princípio ativo do algodão agora liberado. Segundo a Agência, o herbicida não é seguro para gestantes, lactantes e bebês recém-nascidos. Como tanto o milho como o algodão da Bayer são resistentes ao glufosinato, há o risco de grande aumento no uso desse herbicida e, com isso, aparecimento de erva daninhas resistentes, além do aumento de resíduo do veneno na comida - o óleo de algodão é usado em diversos produtos industrializados.
Confira aqui as muitas evidências científicas que apontam os riscos da tecnologia usada no milho transgênico da Bayer - que valem também para o algodão da empresa agora liberado pela CTNBio.
(Greenpeace, 21/08/2008)