A Bolívia manifestou sua "preocupação" pelo fato de não ter sido consultada pelo governo brasileiro na autorização para a construção de uma segunda usina no rio Madeira, que segundo La Paz pode ter consequências ambientais negativas no território boliviano. O Brasil concedeu na semana passada a licença ambiental para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Era o último passo que faltava para o início da obra, a cargo das empresas Odebrecht e Furnas.
"O Ministério (boliviano de Relações Exteriores) manifesta sua profunda preocupação com a concessão da licença (...) e seu desconcerto pela falta de consideração com as preocupações manifestadas ao chanceler (Celso) Amorim pelo chanceler (David) Choquehuanca", diz carta enviada pela chancelaria de La Paz ao Itamaraty, e divulgada na quinta-feira por ambientalistas.
Choquehuanca já havia se queixado a Amorim em 2007 pela construção das duas hidrelétricas do Madeira.
"As represas ocasionarão inundações permanentes. A represa é basicamente uma parede de 90 metros que vai reter a água e a água retida voltará e provocará inundações", disse Lucy Chacolla, coordenadora do Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Organizações sociais bolivianas querem que o governo mova ações contra o Brasil em tribunais internacionais. O Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, recolhe quase todas as águas da metade norte da Bolívia. A autorização brasileira para a obra levou ao adiamento de uma reunião binacional de técnicos e diplomatas que estava marcada para os dias 18 e 19 de agosto em La Paz.
(Reuters, Terra, 22/08/2008)