Tribos indígenas da Amazônia peruana começaram a levantar bloqueios em estradas e instalações energéticas depois de uma semana de protestos. A decisão foi tomada assim que uma comissão do Congresso decidiu pela revogação de leis que, os indígenas acreditam, facilita a compra de suas terras por grandes companhias do setor energético.
As leis foram sancionadas pelo presidente Alan García, munido de poderes especiais concedidos pelo Congresso, e permitem a venda das terras tribais a empresas de petróleo com a aprovação pela maioria simples da assembléia de uma comunidade em vez da aprovação por dois terços da assembléia, como era antes.
Em pronunciamento pela TV, García disse que se as leis forem revogadas, será "um erro gravíssimo que impedirá mudanças, e que a única coisa que fará é manter nossas comunidades agrícolas mais um século na pobreza e na marginalização".
Estado de emergência
Quando milhares de indígenas amazônicos, portando arcos e flechas, realizaram protestos nas principais estradas e em instalações de petróleo e gás em três zonas do país, o governo do Peru se sentiu obrigado a responder. Os manifestantes, de 65 tribos, não deram mostras de que recuariam nem quando o governo peruano declarou estado de emergência.
Agora, o protesto está suspenso e todo o Congresso peruano terá que votar, como a comissão, se revoga ou não as leis. Os manifestantes não confiam nas empresas que extraem petróleo e gás e que, no passado, provocaram uma contaminação que teve um impacto sobre seu meio ambiente e sua saúde.
García disse que trazer investimento e industrialização às áreas remotas do Peru é a única forma de acabar com a pobreza generalizada. Mas muitos habitantes da Amazônia peruana consideram isso uma ameaça ao seu estilo de vida.
(BBC, 20/08/2008)