Empresa já assinou contratos no valor de US$ 1,5 bilhão com fornecedores
A seis dias do lançamento da pedra fundamental da ampliação da fábrica de celulose da Aracruz em Guaíba, cerca de 500 pessoas já trabalham no local. No pico de atividades na obra, previsto para 2009, esse número deve chegar a 7 mil.
Até o momento, a empresa já fechou contratos para a construção no valor de US$ 1,5 bilhão. O presidente da companhia, Carlos Aguiar, esteve em Porto Alegre, ontem, para tratar de negócios com fornecedores e palestrar na Federasul, onde comentou a possibilidade de fusão com a Votorantim Celulose e Papel (VCP).
Do investimento total de US$ 2 bilhões na ampliação, cerca de US$ 400 milhões podem ficar com fornecedores gaúchos, como Açopema, Fundasolos, Premold, Pelotense, Puras e Demuth. Com essa última empresa, com unidades em Novo Hamburgo e Portão, o contrato foi de R$ 250 milhões.
O presidente da Aracruz avaliou positivamente a possibilidade de fusão com a VCP:
– Na lógica dos negócios, a fusão é desejável, uma vez que torna as duas empresas, pequenas em nível mundial, uma empresa maior, com mais força para navegar no mercado global.
Atualmente, o braço do Grupo Votorantim na área de celulose tem 28% do controle da Aracruz, mas ofereceu R$ 2,71 bilhões para comprar uma parte igual pertencente à Lorentzen Empreendimentos, que aceitou a proposta. A concretização do negócio ainda depende, no entanto, de uma manifestação do Grupo Safra, também detentor de 28%, que tem até início de novembro para se pronunciar, segundo acordo de acionistas.
Aguiar afirmou que, apesar da oferta da VCP, os projetos da Aracruz no Estado continuam inalterados, “a pleno vapor”. Segundo o executivo, se a demanda mundial se mantiver alta, como prevê, não acredita haver impedimento para inauguração de duas fábricas (VCP e Aracruz) praticamente juntas, em 2011, mesmo com a fusão das companhias. O Grupo Votorantim afirmou que a compra do controle da Aracruz resultará em ganhos de R$ 4,5 bilhões, devido a “sinergias”. Para Aguiar, isso traduz o poder de negociação ampliado que uma empresa maior tem.
– Quando eu comecei na Aracruz, na década de 80, havia 25 clientes na área de papel sanitário. Hoje são quatro. Então, a capacidade desses clientes de negociar é muito maior – explicou.
O projeto de investimento da Aracruz no Estado, incluindo área florestal, é de R$ 4,9 bilhões, o que permitirá a ampliação da capacidade da fábrica de Guaíba de 450 mil toneladas de celulose por ano para 1,8 milhão.
Carlos Aguiar, presidente da Aracruz
“Na lógica dos negócios, a fusão (com a VCP) é desejável, uma vez que torna as duas empresas, pequenas em nível mundial, uma empresa maior, com mais força para navegar no mercado global.”
(Zero Hora, 21/08/2008)